02/07/12

5.

Parece que foi ontem.
A última vez que perguntei por ti, que pensava em visitar-te, mas temia ver-te lentamente a morrer ou tinha sempre algo mais urgente para fazer. Não me conformei, e creio que vou demorar ainda muito tempo a conformar-me. Sinto uma culpa tremenda dentro de mim, um grito que não consigo calar, uma dor sufocante. 
Não consigo descrever o momento em que soube, em que as lágrimas sufocavam a tua filha, e eu, que em frente ao computador me rendia ao completo choque que assolou a minha cara e a minha alma. Não acreditei, ainda não acredito. Era dia 12 de Março, um dia por natureza triste, em que a tristeza já era natural e absolutamente espontânea. Agora ainda mais.
Lembro-me que estive 48h sem dormir, a tua imagem não me saia da cabeça, a tua voz não se desprendia dos meus tímpanos. E aquela pergunta “Porquê?”, acompanhava cada volta que dava na cama, cada lágrima que engolia para não acordar ninguém.
Assumo que não aceito a tua ausência, para mim é como se ainda cá estivesses, e eu sei que estás. Estás dentro do meu peito, a manter as nossas melhores memórias vivas, e mesmo as menos boas.
Dói-me saber que nunca chegaste a saber que me vou embora, que fui aceite numa boa faculdade, que passei de ano, que fiz das tripas coração para atingir os meus objectivos. Custa-me saber que não estás aqui fisicamente, que não ouvirei a tua voz frágil dizer o meu nome. Choro cada vez que penso em ti, cada vez que baixo a cara e fujo do assunto, mesmo que não deixe soltar as lágrimas, elas escorrem interiormente.
Fazes-me falta, e eu assumo que cometi erros brutais, mas nunca te esqueci, somente fui demasiado egoísta para aceitar a tua partida, que continuo sem aceitar. Não te esqueço, e a cada vitória minha, um pedacinho será sempre teu, porque nunca te esquecerei, mesmo que tentem que o faça.

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