14/08/21

Há um perfume a saudade que escondo

Mais uma madrugada perdida, 
Embalado ao som desta guitarra.
Que canta este fado que me contamina, 
Eu, filho primogénito da saudade que escondo.

Um dia a mais longe de uma gente
Dona de um rectângulo virado para o mundo. 
Devotos das glórias do seu passado 
Se eles soubessem que o caminho segue em frente…
 
Outro dia condenado à saudade 
Lusitana doença que me ilumina o ser. 
Em Abril deu-se luz a Liberdade 
Que os novos têm a insolência de esquecer. 

Há um perfume a saudade que escondo, 
Este ritmo doloroso que embala o meu fado.
Quisera eu ser bem mais que esta saudade 
Do que já veio e que devia ficar noutro lado.
 
Os egrégios que nos embalam o terço 
Nestes novos tempos de ditadura, 
Vida bem dura cuja lei é o montante 
O preço de cada instante. 

Pode parecer mais fácil noutro lugar 
Mas a soma não paga a falta de sanidade 
Neste país onde o cifrão está no poder 
Sigo esquivando produtos internamente brutos. 

Se pudesse ter e deixar de ser, 
Mais um cancioneiro da saudade 
Preferia que o D.Dinis me desse a lusitana 
Vontade de ser maior do que poderia ver.