06/03/11

“Ses” e “mas”

A vida é repleta destes, por vezes tão úteis, advérbios. Porquê não gostar deles? Não os utilizar para suscitar uma dúvida ou espalhar aquele delicioso rasto de mistério. Gosto tanto de ler um “se”, gosto de ficar na dúvida, excepto se for negativamente, gosto de mistérios principalmente se forem difíceis de decifrar, adoro-os, de verdade. Por vezes um “se” ou um “mas” escondem o mais negro dos segredos, a mais amarga das dores, a mais inexplicável personalidade, mas gosto disso. Gosto de os utilizar, quando a conversa não me agrada, quando não conheço a pessoa com quem falo, quando quero deixar aquele delicioso travo de mistérios e ainda quando a dor se apodera de mim. Quando tenho a sorte de ser contemplada com um destes advérbios com uma valente carga de mistério, fico possuída, de curiosidade, o meu cérebro fervilha ao tentar interpretar o significado destes vocábulos, tão diminutos, mas tão poderosos, ou não fizessem eles parte da nossa existência, desde que, aprendemos a falar correctamente, falando por experiencia própria. Há que gostar de um “mas”, por mais duvidas que ele traga agarradas, porque ele é belo, tem brilho, magia e respira sentimento. São bonitos, têm uma colossal intensidade. Não vale a pena ficar com medo destas duas palavras, porque por vezes a dúvida é muito mais doce que o conhecimento, porque este por vezes dói, é amargo e gélido. Aprendam a usa-los, a venera-los e sobretudo a compreende-los, pois assim aprendem a compreender o maior mistério de todos, o nosso mistério interior, aquele que por mais que alguém tente nunca conhece na completa totalidade pois isso cabe-nos a nós, que usamos este corpo de aluguer, repleto de imperfeições e incoerências mas que para o bem e para o mal nos pertence, há que aprender a gostar disto.


Da Alexandra Figueiredo, ela sabe bem o porquê.

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