28/03/15

Não somos todas Lindas de Suza

É verdade, nascemos num país complicado. Belo mas assaz complicado. Os outros povos preferem cercar-nos de clichés, criando uma amálgama, que (tal como todas as amálgamas) é falsa, ao invés de tentarem compreender-nos. 
Não temos pilosidade abundante, muitas de nós nem comem bacalhau, não intercalamos o impropério que nos caracteriza a cada frase. E sobretudo não somos todas porteiras ou empregadas da limpeza. Porém temos um enorme orgulho nessas guerreiras de vassoura na mão e sangue quente nas veias. 
Algumas de nós querem ser enfermeiras, outras professoras, algumas sonham bem alto com um regresso à pátria-mãe.
Poucas de nós, da recente vaga de emigração vieram sem formação, com uma "mala de cartão" e um recém nascido nos braços. Nós trazemos diplomas, mesmo que seja do Ensino Secundário. Trazemos os métodos de trabalho de um país que não nos deixou ficar.
Mas continuamos saudosas, com um laivo de subserviência, com valores que nos são extremamente próximos. E que adoramos partilhar.
Somos portuguesas, o fatum está no nosso código genético mas não somos todas Lindas de Suza. 

07/03/15

#3

Fechar as portas, curar as feridas, coser a sangue frio a carne já tão dura, esse é o passaporte ideal para o futuro. Rindo ou chorando, quiçá deambulando ou perdendo-se pela penumbra, esse olhar tem de se focar no outro lado. A morte é certa, seguramente. 
Porém que ela não te faça sofrer, nem se atreva a fazer-te parar.
Que o sonho não se apague dessa mente, que o amor não te condene a uma frieza colossal, a um mundo sem cor.
Virar as costas é a chave do futuro.