22/03/13

Aquela rotina assassinava todos os dias daquela criança. Todos os dias iguais. Estáticos, como aquela melodia que lhe invadia os ouvidos ao acordar – o bip louco do despertador que a retirava atrozmente do mundo dos sonhos. Decidiu arriscar na diferença – deixar aquele despertador tocar para o vazio – e nem sequer ousou abrir os olhos. E ele tocou, durante uma hora, em intervalos passageiros de 10 minutos, até parar. E aí ela saiu triunfalmente da cama, ignorando o relógio, ignorando todo aquele tempo que a condicionava. Era um dos dias mais completos em termos de aulas, não a preocupou, tinha duas provas, nem quis saber. Só queria aproveitar a liberdade de um dia diferente, sem rotinas. Aproveitou aquele dia para fazer tudo o que não fazia – correr, sonhar, pensar. Sobretudo pensar. Porque os seus dias eram feitos de rotinas e não de pensamentos. E o despertador tocou, e na mente dela surgiam pensamentos. Em estado puro. Verdadeiros como ela.

Atelier de escrita, 22\03\2013, Université Paris-Sorbonne.

Muito obrigada meninos, por me ajudarem a quebrar o gelo da insegurança, e revelar a melhor parte de mim. LLCE Portugais toujours!

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