31/12/11

Um dia.

Um dia, quando as palavras se esgotarem
Quando a tristeza deixar de me consumir,
E todas as letras se renderem
À vontade inglória de desistir

No instante em que, amargamente
Esta folha em branco deixar de me perseguir
Em que a melancolia intermitente
Deixará de me seduzir

Na hora em que o som näo se torne em voz
E a feroz insanidade se manifestar
Chegarei ao final atroz
De uma história que ninguém quererá contar

Pois perderei o que me dá vida
Que alimenta o sonho de viver
Será esse o sinal da partida,
O dia em que deixarei de escrever?

29/12/11

Queda

Contorno as esquinas desta rua
Onde tantas vezes deambulo sem nela reparar
Vou vivendo presa à sombra de uma lua
Que a cada passo me leva a definhar

Cada passo que vai sendo dado
Coberto de medos e sombras do passado
Fecha-me os olhos ao futuro
Leva-me pela mäo ao destino errado

Enquanto vou novamente ao fundo daquele poço
Junto com a solidäo de ser humano
Ao mesmo tempo que tanta luta e esforço
Se perde no vazio desta maré de enganos.

Porque a queda soa sempre maior
Ao ritmo em que aumentam os erros crassos
Condutores daquela dor
Espelho de derrotas e fracassos.

28/12/11

New born

Retira a máscara da melancolia
Demonstra o que te tornou nesse guerreiro
Que se rendeu à fantasia
De sentir o fim derradeiro

Transforma a dor nesse combustível,
Alimento de todas as emoçöes
Näo te tornes demasiado previsível
Virando a página a essas ilusöes

De tornares em cinzas
Todas as memórias dormentes
Enquanto definhas
Nesses sonhos eloquentes

Quando as lágrimas soltarem da cara
Levando a fútil máscara que caí,
Verás que só resta a marca
Daquela dor que de ti sai.