12/09/11

Pedaço de músculo, que geras a força que faz mover o meu corpo, que formas a adrenalina que me permite viver, e contrariamente aos meus desejos continuar a sentir que o lugar que ocupo neste pedaço de nada onde habito, não é mais do que um enorme nada, um vazio tormentoso a que me sujeitei e sou sujeitada. Continuas alegremente a bater, mantendo a harmonia deste conjunto de células, músculo e osso, contrariando todos os pedidos para parares e libertares da vida que não lhe encontra o menor sentido, apesar de todos os esforços. Ignoras cada golpe que desfiro neste pedaço de carne, já tão massacrado por golpes de outros tempos, pelo puro deleite de me observares a definhar lentamente ou, pelo contrário a encontrar o esquecimento de tudo aquilo que me impede de continuar a caminhar, por entre trilhos sombrios já tão bem conhecidos e tantas vezes percorridos. Porque tu, sim tu pedaço de músculo desobediente e lutador, que não me deixas desistir. Não te importas que agonize, simplesmente queres que viva, que talvez um dia me erga, que seja eu mesma, sem medos, simplesmente com sonhos. E apesar de agradeço-te por isso, por não me deixares tombar ao manteres aquele ritmo que numa noite de melancolia me acompanha e me faz adormecer.

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