27/09/11

"Hoje só tenho medo daquilo que não consigo fazer" - DH

De resto, já nada me pára.

12/09/11

Sinto falta de alguém que me ouça, de alguém que me impeça de chorar. Sinto saudades ainda daquela lâmina que me trespassava a carne, enquanto a agonia se dissipava. Faz-me falta ser gente, e não uma mera marioneta no meio desta guerra. Onde sou vítima e responsável. Onde choro na escuridão da noite. Pois sou a única escrava desta guerra.
Para ti chorar é pecado
Como sorrir se revelou errado
De rir simplesmente tens medo
Porque tu te transformaste num segredo

Nem a tua sombra te suporta
Na imensidão dos factos
Pois a ti já nada te importa
Nem a dor que geram os teus actos

Só a apatia te consumiu
Enquanto vagueias sem destino
Viraste a cara ao que te iludiu
Conheceste assim o abandono

Porque foste tu quem criaste a tua dor
Rendeste-te à certeza de estar errados
Perdeste a essência de sonhador
Tornaste-te assim um escravo do teu fado
Pedaço de músculo, que geras a força que faz mover o meu corpo, que formas a adrenalina que me permite viver, e contrariamente aos meus desejos continuar a sentir que o lugar que ocupo neste pedaço de nada onde habito, não é mais do que um enorme nada, um vazio tormentoso a que me sujeitei e sou sujeitada. Continuas alegremente a bater, mantendo a harmonia deste conjunto de células, músculo e osso, contrariando todos os pedidos para parares e libertares da vida que não lhe encontra o menor sentido, apesar de todos os esforços. Ignoras cada golpe que desfiro neste pedaço de carne, já tão massacrado por golpes de outros tempos, pelo puro deleite de me observares a definhar lentamente ou, pelo contrário a encontrar o esquecimento de tudo aquilo que me impede de continuar a caminhar, por entre trilhos sombrios já tão bem conhecidos e tantas vezes percorridos. Porque tu, sim tu pedaço de músculo desobediente e lutador, que não me deixas desistir. Não te importas que agonize, simplesmente queres que viva, que talvez um dia me erga, que seja eu mesma, sem medos, simplesmente com sonhos. E apesar de agradeço-te por isso, por não me deixares tombar ao manteres aquele ritmo que numa noite de melancolia me acompanha e me faz adormecer.
As curtas ondas
Que subtilmente tocaram os teus pés
Pedem para que nunca te escondas
E que te admires por seres como és

Porque o tempo de uma nova onda nascer
Basta para alterar a forma de agir
A forma que te fez crescer
Aquela que te fará deixar de existir

Pois as ondas nunca são iguais
Tal como a vida nunca te atinge da mesma maneira
Daqueles que se julgam os ideais
Porém não conhecem a tua face verdadeira

A ti, doce onda do mar
Que nos meus pés subtilmente tocaste
Me fizeste por um segundo parar
Só tornando a tua passagem num vago instante

Saudades

Que saudades que terei
Desta nuvem de fantasia
De todo este tempo que esperei
Para alcançar este dia

As saudades que vou ter
De tudo aquilo que ultrapassei
Daquilo que rapidamente se vai perder
Mas serão essas as memórias que guardarei

Quando esse dia chegar
O dia em que a saudade vai emergir
Em que as primeiras lágrimas se vão soltar
Saberei que valeu a pena não desistir

Saberei que viver já não é uma ilusão
Que esta luta nunca foi inglória
Pois ao não dar margem a esta solidão
Pude escrever esta página da minha história