06/04/11

Rir-nos de nós próprios

Como não o podemos fazer? Se não nos rirmos como é que vamos manter as forças e a vontade de abrir os olhos todos os dias, mesmo que seja simplesmente para estimular este prazer de rir que vou possuindo. Gosto principalmente de me rir das coisas que fiz anteriormente por piores para a minha saúde que tenham sido, e algumas das coisas que fiz quando era apenas uma criança, não que já tenha deixado de o ser, que sou uma criança, daquelas bem irritantes, por vezes. Passando em revista o período da minha vida situado entre os 3 e os 6 anos, recordo-me de uma série de acontecimentos que me fazem soltar gargalhadas extremamente audíveis e irritantes, porque o meu riso é irritante, principalmente se for duradouro e eu começar a asfixiar, como durante uns tempos me divertia a trepar as paredes da minha casa, em espargata, quando tinha a brilhante ideia de introduzir dentro das tomadas objectos estranhos, neste caso as agulhas do tricô da minha avó, quando ela ainda estava presente, e ficava agarrada a elas, enquanto era electrocutada, era fantástico. Também me começo a rir quando me recordo que gostava de brincar com fósforos, e que ia incendiando a minha própria casa, tinha a perversa mania de engolir moedas, por puro vício, brincar com cal, com lixívia e de me esconder nos armários para que a minha mãe me procurasse. Também gosto de me rir dos meus hábitos de infância, de quando escrevia e comia com a minha mão esquerda, por motivos desconhecidos, e que simplesmente para imitar os adultos e não me sentir diferente passei a escrever totalmente com a mão direita, com medo de ser criticada, e de me sentir diferente, como acabo por ser, por fora e por dentro. Com isto rio de mim, vou mantendo a vontade de viver e de me rir de mim, de rir dos outros. Simplesmente mantenho a vontade de me rir.

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