24/03/11

A “nossa” Língua

A língua portuguesa a imagem da nossa nação
Tem na pronúncia o reflexo da pureza
Aquela que deveria estar presente em cada cidadão
Que conserva na sua língua a sua enorme grandeza

À semelhança dos outros povos que habitam o mundo
E que têm na língua do seu nobre povo
O travo da criação de um idioma tão profundo
Mas que nunca morre, transforma-se sim em algo novo

Tornámo-nos grandes pelo colossal poder da escrita
Pela mística da dor e pela grandeza do nosso fado
Inúmeras vezes foi dada como perdida
Mas é a única que transmite a força de um passado

Esta língua passa pela amarga peste da mudança
Enfrentando um acordo que não passa de um inglório desacordo
Mas que decerto não vingará esta tentativa de desgraça
Porque não faz parte da história do nosso triste fado

Existem poucas coisas que me trazem certeza
São o espelho da nossa infeliz realidade
Mas acredito na grandeza da nossa língua portuguesa
Aquela que melhor exprime a palavra saudade

Nesta tormentosa e infinita hora
Que enfrenta a dolorosa frieza
A única certeza que trago comigo agora
É que eternamente se ouvirá esta língua, a Portuguesa!


Foi eliminado do blog não me recordo porquê, mas retorna.
Conquistei, com isto, o segundo lugar do Concurso de Poesia e uma bela menção honrosa que me orgulha, apesar de achar que ficava bem em último lugar.

22/03/11

Força dos 17

Idade das revoltas
Das paixões não correspondidas
De dores que outrora sentidas
Tiram aquele doce sentido às nossas vidas

Onde a inspiração parece inesgotável
Todos aqueles sentimentos nos inundam
Embora nem sempre a qualidade seja assinalável
São o retrato da adolescência que nos muda

Um dia esgota-se
Parecendo que a escrita para nós terminou
Mas de verdade, inova-se
Trazendo aquela razão que a idade nos mostrou

A qualidade evolui
Quem escreve prova que cresceu
Impregna em cada linha o que o destrói
Provando que a força dos 17 não se perdeu

Força para escrever
Lutar pelo que julgamos impossível
Vontade de fazer a vida passar a correr
Esperando aquela morte, dura e imprevisível.

Ideia da Patrícia, que vai escrever sobre o mesmo tema.

Dor

Permaneces produtiva
Dor minha que te manténs
Vagueias por mim altiva
Não me permites esquecer a força que tens

Por tua causa ainda escrevo
Ainda inflamas estes meus poemas
Inflamaras até que te ponha termo
A ti e a todos estes meus dilemas

Um dia, à minha vitória
Honrosamente cairás
Farás parte da minha história
Mas decerto um dia voltarás

Reduzida de força
Colossal de intensidade
Talvez nesse dia te ouça
Mas provavelmente só te guardarei saudade

Porque me ensinaste a crescer
Fizeste de mim o que tento saber agora
Mesmo que me tenhas tirado a vontade de viver
A tua hora de partir é que me ignora

Apesar de me teres, por vezes, feito bem
De todas as revoltas não terás perdão
Nem mesmo a que ainda vem
Conseguirá apagar esta vontade de te dizer não.

Chama

Chama viril e inocente
Que cravas no meu peito um sentido
Brilhas ardente
Procuras ensinar-me a superar o desafio

Desafio de viver
De dar cor a ela, que se quer bela
Ardendo para fazer renascer
Aquela vida, pintada a tons de aguarela

Aguarela de tons claros
Que esconde aquela escuridão
Omite todos os fracassos
Ao acender a chama neste coração

Coração que escorre de dor
Das feridas que apagaram esta razão
Tiraram-me este doce sabor
E esta vontade de lhe dizer não

O que me tiraste
Aquele sim à morte que eu gritava
Com esta forte chama apagaste
Toda esta maldade que me magoava

Ainda assim

As lágrimas ainda me rolam na face
Continuo a sentir-me um nada
Esta dor que não me esquece
Que me crava o peito como uma espada

Apesar deste estado ainda desconhecido
Esta força que em mim ressuscitou
Traz gloriosa o desejado sentido
Mas não me deixar esquecer o que se passou

Olhar-me ao espelho permanece difícil
Não vejo à minha frente uma imagem nítida
Vejo algo severamente marcado pela dor
Uma imagem sem cor que me é reflectida

Mesmo sabendo que no meu peito está uma chama
Que arde de alegria e me faz supor
Ainda que isto tudo me pareça estranho
Acho que agora sim, descobri o que é o amor.

O sonho morreu

A vontade de perder
Com que reconhecia não existir
Marcada por tanto sofrer
Chegou à hora de resistir

Agora a história é outra
Ganhou sabor lutar
Porque recebi aquela força
Que me faz levantar a cabeça e continuar

O sonho de tombar morreu
De querer fugir desapareceu
Esta nova vontade de súbito surgiu
Por isso quem me controla agora, sou eu.

True story (or not)

Aquela dor que ela sentia
Cravada pelo punhal da desilusão
Desconhecia como travar o que a perseguia
Simplesmente queria fazer parar o coração

Por mais ideias que tivesse
Não encontrava força para sobreviver
Queria que aquela dor a esquecesse
Só queria realmente morrer

Num acto de pura loucura
Como tantos que já tinha tido
Procura incessante algo que destrua
Toda aquela dor que a tinha destruído

Luzia tranquilamente
Com o brilho metálico da morte
E sem dó nem piedade
Crava aquela faca que encontrou, por sorte

As gotas de sangue escorriam-lhe pela mão
Sentia tudo de uma maneira tão forte
Tinha chegado a hora da rendição
Pois sabia que já não escapava da morte

Via a vida escapar-lhe pelos dedos
Enquanto a sua história
Carregada de gritos, choros e medos
Lhe passava a alta velocidade pela memória

Até que tombou
Com um triunfal sorriso na face
Aquela hora que tanto esperou
Tinha chegado pois a morte escutou a sua prece

19/03/11

Estou cansada. Estou farta de gritos, de me acusarem de coisas que não fiz, nem pretendo fazer, de me apontarem falhas, que já não tenho. Tento manter a calma e um sorriso na cara, apesar de já ser hábito e de tentar levar na desportiva ainda me custa, e muito. Ainda me doem os gritos, as discussões e todas aquelas palavras injustas que me diz. Não me passa totalmente ao lado, quando mais me prende mais quero fugir. Quanto mais grita mais esta raiva dentro de mim aumenta, que controlo trancando-me no meu mundo, naquele que poucos conhecem e apesar de estar impregnado de dor e de uma escuridão horrível, eu sinto-me bem lá. A força desaparece, e a vontade de passar o mínimo tempo possível em casa, é maior que tudo, o que me arranja mais uma espiral de gritos e acusações inexplicáveis. Circulo vicioso execrável.

14/03/11

Aquela dor

Dor ingrata que me matas
Que trazes dor a estas palavras que escrevo
Porque é que de mim não te apagas?
Pois lutar contra ti sozinha já não me atrevo

Dor malvada que me fazes sofrer
Que me tiras a vida em cada regresso
Explica-me o que fiz eu para te merecer
Simplesmente apagar-te é o que peço

Dor amarga que me fazes querer fugir
Daquele caminho que deveria seguir
As manipulares esta minha forma de agir
Tiras-me toda a vontade de existir

Dor indescritível que me fazes chorar
Dar mais um passo para o fim
Tudo o que queria apagar
Era esta dor que vive em mim

Sentimento que me enches de dor
Que cada dia tens menos nexo
Apagas da minha vida a cor
Só queria saber que um dia te esqueço.

12/03/11

"A fraqueza é como um produto fora de validade: pode ser consumido, mas mete nojo." - DH


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11/03/11

Uma semana.

Como o tempo passa, por vezes deliciosamente rápido, outras agoniantemente lento. É esta dualidade entre o positivo e negativo que me irrita, que me revolta, que me fere. Faz hoje uma semana, ainda me lembro do medo que sentia quando acordei, aquele medo incoerente de falhar que não me largava, de chegar e não conseguir falar, de falar e não alcançar o meu objectivo. Sai dolorosamente da cama, olhei para o relógio, tinha tempo. Tempo para pensar, para acalmar aquela ânsia que tinha assombrado o meu peito, para pensar nas palavras correctas a dizer. Abri a porta e pensei, “vamos a isto Diana, isto têm de correr bem”, ia pensando com uma súbita rajada de força que me sacudiu, me fez fechar a porta e caminhar para o meu destino. No caminho, a força evaporou-se, toda eu tremia, toda aquela coragem se tinha ido embora e eu só pensava “não vou conseguir, não vou ser capaz” enquanto o telemóvel não parava de receber grandes torrentes de força e de apoio, que era o que mais precisava naquela altura. Consegui chegar ao destino, entreguei os papéis necessários e fui saudada com uma calorosa mensagem “é só aguardar um bocadinho”. Juro que tive vontade de sair dali a correr, o medo congelava-me aquela coragem que muitos dizem que tenho tinha-se esfumado, para meu desespero. Sentei-me, aguardei, reconheço que odeio esperar, a espera enlouquece-me, dói-me. Ouvi o meu nome, o sorriso iluminou-me a face, estava na tão esperada hora, aquilo que durante três meses me tinha feito agonizar estava realmente a acontecer, e eu estava finalmente a passos de ter o que desejava: uma cura, uma solução. Não imediatamente, mas este era aquele passo fundamental que eu nunca tinha tido coragem para dar, até há três meses atrás. Correu tudo melhor do que eu pensava, disse o que precisava, agora falta a espera pior. A espera mais dolorosa, logo eu que odeio esperar, mas a espera necessária. Falta um papel, uma carta, uma folha com umas letras escritas e ai, vai ser a loucura, vou ter o que queria, mesmo não estando totalmente preparada, mas é o que eu quero, é o meu maior desejo.

08/03/11

Já se escreveu melhor neste país
Exprimiu-se outrora melhor a desdita da saudade
Conhece-se agora o inútil aprendiz
Desta vã e inglória realidade

Todos agora escrevem
Para deleite dos que se dizem críticos
Aproveitam-se daquelas dores que sentem
Aumentando o ego daqueles hipócritas e sempre cínicos

Hoje a escrita deixou de ser arte
Passou a ser uma singela moda
Encontramos a escrita em toda a parte
O que a faz cair nesta confusa roda

Qualquer um agora é escritor
Não sendo eu um poço de moralidade
Também eu atinjo com pouca qualidade o nobre leitor
Também eu sou o reflexo desta sociedade

Actualmente é moda, dá mérito a quem não o merece
No passado era algo a que só alguns chegavam
Todavia ninguém por certo se esquece
Do prazer que têm aqueles que a meta alcançaram

Já não se escreve em Portugal
Perdeu-se o rasto da qualidade
Não se sente o cheiro do mar nem daquele sal
Só há lembranças cravejadas de saudade

Acabou o honroso fado
Extinguiu-se a mais bela poesia
Encontramos rimas em qualquer lado
Anexadas a uma ritmada melodia

Será que isto muda?
Acalmar-se-á esta tempestade?
Acontecerá algo que destrua
Esta imensa falta de qualidade?

Ferida.

Não a consigo fechar
Impede-me dolorosamente de viver
Por mais que a tente tolerar
Mais ela maltrata aquilo que gostava de ser

Algo que me supera a mantém aberta
Faz com que o seu tamanho aumente
Ficará para sempre desperta
Até que algo benéfico a mate

Esta ferida que não fecha
Não cria a desejada cicatriz
Tem a dura impetuosidade de uma flecha
A que me vai deixando mais infeliz

Era tão bom que finalmente passasse
Que se tornasse numa pura ilusão
Fazendo com que me sentisse
Finalmente liberta desta sensação.

06/03/11

“Ses” e “mas”

A vida é repleta destes, por vezes tão úteis, advérbios. Porquê não gostar deles? Não os utilizar para suscitar uma dúvida ou espalhar aquele delicioso rasto de mistério. Gosto tanto de ler um “se”, gosto de ficar na dúvida, excepto se for negativamente, gosto de mistérios principalmente se forem difíceis de decifrar, adoro-os, de verdade. Por vezes um “se” ou um “mas” escondem o mais negro dos segredos, a mais amarga das dores, a mais inexplicável personalidade, mas gosto disso. Gosto de os utilizar, quando a conversa não me agrada, quando não conheço a pessoa com quem falo, quando quero deixar aquele delicioso travo de mistérios e ainda quando a dor se apodera de mim. Quando tenho a sorte de ser contemplada com um destes advérbios com uma valente carga de mistério, fico possuída, de curiosidade, o meu cérebro fervilha ao tentar interpretar o significado destes vocábulos, tão diminutos, mas tão poderosos, ou não fizessem eles parte da nossa existência, desde que, aprendemos a falar correctamente, falando por experiencia própria. Há que gostar de um “mas”, por mais duvidas que ele traga agarradas, porque ele é belo, tem brilho, magia e respira sentimento. São bonitos, têm uma colossal intensidade. Não vale a pena ficar com medo destas duas palavras, porque por vezes a dúvida é muito mais doce que o conhecimento, porque este por vezes dói, é amargo e gélido. Aprendam a usa-los, a venera-los e sobretudo a compreende-los, pois assim aprendem a compreender o maior mistério de todos, o nosso mistério interior, aquele que por mais que alguém tente nunca conhece na completa totalidade pois isso cabe-nos a nós, que usamos este corpo de aluguer, repleto de imperfeições e incoerências mas que para o bem e para o mal nos pertence, há que aprender a gostar disto.


Da Alexandra Figueiredo, ela sabe bem o porquê.
"Por vezes a explicação é bem pior que a ignorância" - DH


(verifiquei se alguém teria escrito algo semelhante, não fosse ser acusada de plágio)