15/02/11

Vivo de cada pegada no chão
De cada grito numa noite escura
Sou o espelho da dor da desilusão
Desta amarga depressão que me procura

Grito por cada dia de escuridão
Por cada lágrima de amargura
Sofro tantas vezes com a ilusão
De já não sentir a minha vida pura

Encho o meu corpo de golpes
Tentando atenuar a dor que permanece
Enquanto espero que a dor não volte
Mas sei que não me esquece

Procuro uma luz que me indique o caminho
Da passagem a uma menos penosa fase
Mas a cada passo que dou, tropeço com o sarilho
Que me leva a um golpe numa outra parte

Viver sem sentido já se tornou numa máscara
Que atenua a dor mais dolorosa e cruel
Mas não consigo escrever a página da minha quimera
Ao sentir o amargo sabor do fel.

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