31/01/11

Desabafo

Ouvi uma voz, que gritava ferozmente pelo meu nome e me dizia: “Acorda, deixa de ser criança e perde o medo que tens de viver”. Ainda sinto a vibração dolorosa daquela ríspida e ofegante voz que gritava por mim, aquela que dolorosamente dizia tudo aquilo que não se cansam de me repetir mas que por mais que tente não consigo assimilar. Foi algo que não esperava, foi uma chapada da realidade que ninguém ainda não teve o pulso forte de me dar, mesmo sabendo eu que as palavras podem causar feridas mais profundas do que um insignificante estalo, que por mais inútil que seja serviria para me acordar. Esta voz causou-me uma inexplicável dor, anexada às que já estão latentes, trazem-me certas vontades que nem vou referir por ser tudo obra de ficção, obra deste meu cérebro, aquele que mais do que nunca reclama calma e um pouco de racionalidade. Mas a culpa não é minha, o tempo não passa, com o simples prazer de me fazer sofrer e chorar. Nunca tive urgência, gostei de sentir o tempo a passar calmamente em mim, mas já não suporto isso, agora mais do que nunca tenho urgência. Urgência em dissipar os fantasmas, em deixar de sentir o meu peso nos ombros, só quero que o tempo passe para isto, agora que a solução está tão próxima o tempo decide estagnar. Queria deixar de ouvir esta voz, a que desesperadamente grita por mim para me fazer levantar a cabeça, mas que as forças começam a faltar.

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