31/12/11

Um dia.

Um dia, quando as palavras se esgotarem
Quando a tristeza deixar de me consumir,
E todas as letras se renderem
À vontade inglória de desistir

No instante em que, amargamente
Esta folha em branco deixar de me perseguir
Em que a melancolia intermitente
Deixará de me seduzir

Na hora em que o som näo se torne em voz
E a feroz insanidade se manifestar
Chegarei ao final atroz
De uma história que ninguém quererá contar

Pois perderei o que me dá vida
Que alimenta o sonho de viver
Será esse o sinal da partida,
O dia em que deixarei de escrever?

29/12/11

Queda

Contorno as esquinas desta rua
Onde tantas vezes deambulo sem nela reparar
Vou vivendo presa à sombra de uma lua
Que a cada passo me leva a definhar

Cada passo que vai sendo dado
Coberto de medos e sombras do passado
Fecha-me os olhos ao futuro
Leva-me pela mäo ao destino errado

Enquanto vou novamente ao fundo daquele poço
Junto com a solidäo de ser humano
Ao mesmo tempo que tanta luta e esforço
Se perde no vazio desta maré de enganos.

Porque a queda soa sempre maior
Ao ritmo em que aumentam os erros crassos
Condutores daquela dor
Espelho de derrotas e fracassos.

28/12/11

New born

Retira a máscara da melancolia
Demonstra o que te tornou nesse guerreiro
Que se rendeu à fantasia
De sentir o fim derradeiro

Transforma a dor nesse combustível,
Alimento de todas as emoçöes
Näo te tornes demasiado previsível
Virando a página a essas ilusöes

De tornares em cinzas
Todas as memórias dormentes
Enquanto definhas
Nesses sonhos eloquentes

Quando as lágrimas soltarem da cara
Levando a fútil máscara que caí,
Verás que só resta a marca
Daquela dor que de ti sai.

28/11/11

Melancolia que acendes o meu pensamento,
Arrastando a dor que me persegue
Dando vida a este eterno sofrimento
Impedindo que este ser se altere

Continuas produtiva
Mantendo acesa a chama da continuidade
De ir caminhando ao longo da vida
Esperando uma nova oportunidade

Enquanto busco algo que não tenho,
Um pouco mais do que vivi
Lamentando tudo o que perdi
Aquilo que agora é reflexo deste espelho.

Tempos de indiferença

Já não é útil pensar
Continua acesa a chama da amargura
Não importa se tudo vai terminar
Nem se esta apatia perdura

Ainda não existe razão para viver
Fugir, permanece a melhor opção
Porém não sou capaz de entender
A causa de tão grande indecisão

De viver ou morrer,
Lutar ou esquecer
Mantendo a chama da dor a arder
Vou lentamente deixando de sobreviver

Sou indiferente ao que sinto
Os impulsos voltaram a dominar
Quando penso que estou tão perto
De fazer a minha agonia terminar

Enquanto

Enquanto permaneceres em mim,
Dor de viver que me atormenta
Lutarei sem temer o fim
Acreditando que valerá a pena

Enquanto as lágrimas caírem sem cessar
E a escuridão iluminar o meu caminho
Não me deixarei abalar
Por algo que altere o meu destino

Quando a tristeza deixar de me abater
Sei que atingi a desejada meta
Saberei como é bom vencer
Que já nada me afecta.
Traços belos e eloquentes
Com um doce traço angelical
De movimentos longos e frequentes
Esta é a felicidade ideal

Carregada de luz incandescente
Brilhando intensamente todo o dia
Emanando harmonia e alegria
Espelhando de clara cor a tua vida

Apagando as lágrimas com um olhar
Deixando o vazio por completo
Ensinando que a batalha para a alcançar
Não se faz com as palavras de um verso

Porque esta felicidade é boa
Atraí fantasia e desejo
De não viver a vida à toa
Não tendo medo do que vejo
Nunca se vive por completo
Pois se está lúcido
A vida não se vive em concreto
Porque a lucidez é algo que não abunda

Não se é lúcido ao pensar
Nem quando te lembras que dói pensar
Somos lúcidos apenas
Quando estamos prestes a terminar

A lucidez é um abismo
Onde o intelecto se afunda
Já nada é discreto
Simplesmento o incompleto nos inunda.

Bebedeira incurável

Nesta bebedeira de viver
Onde o sonho conta uma história
Cada página é uma memória
De tanta batalha por vencer

Onde a cura é efémera
Pois a morte é somente um abrigo
Daquela imensa quimera
De puder chamar a vida de amigo

Mas hoje é incurável
Esta bebedeira de existência
Em que tento ser razoável
Não passando isso de mera aparência

19/11/11

04/10/11

Desejo-te mais do que nunca, que chegue aquele dia, aquela hora, aqueles minutos e segundos, onde deixo para trás tudo aquilo que me custa, em direcção a um novo rumo. A uma nova missão, a de transformar-me naquilo que sempre quis ser, um pouco mais do que o nada que actualmente sou. Ambiciono ser mais do que quem me apontou falhas, me empurrou para o fundo do abismo, para o profundo de mim mesma. Onde nunca quis chegar, e onde tanto tempo permaneci retida e de onde nunca quis verdadeiramente sair, porque apesar de tudo lá sentia-me bem, no meio que melhor conhecia, e não onde estou agora, a navegar pelo desconhecido, como um navegador que cruza os mares pela primeira vez. E queria partir, hoje se pudesse, para me afastar de todos os erros que cometi, de tudo o que me faz mal.

03/10/11

Mudar custa

Viro as páginas àquilo que dantes considerava como maior verdade, o que tornei em cinzas. Hoje só restam as lágrimas carregadas da culpa, de erros cometidos sem reflectir, com a bomba da raiva a explodir dentro de mim. Dos quais me arrependo, e enquanto vou desfolhando aquelas páginas tão bonitas que estas minhas mãos escreveram, e que a vida foi escrevendo. Sinto falta de muita coisa, simplesmente não sinto falta daquilo em que deixei o meu coração se tornar. É uma fase da mudança, a que mais custou, a que um dia bastou para tudo o que eu tinha de melhor se perder, a minha essência, o meu tudo. Mudar custa, e apesar de ser o melhor para mim, dói, arde dentro de mim fortemente. Custa-me olhar para trás e ver tudo reduzir a nada, mas a mudança consumou-se, a que eu desejava, com consequências que nunca quis, porém o homem não foi feito para ser digno daquilo que deseja.

27/09/11

"Hoje só tenho medo daquilo que não consigo fazer" - DH

De resto, já nada me pára.

12/09/11

Sinto falta de alguém que me ouça, de alguém que me impeça de chorar. Sinto saudades ainda daquela lâmina que me trespassava a carne, enquanto a agonia se dissipava. Faz-me falta ser gente, e não uma mera marioneta no meio desta guerra. Onde sou vítima e responsável. Onde choro na escuridão da noite. Pois sou a única escrava desta guerra.
Para ti chorar é pecado
Como sorrir se revelou errado
De rir simplesmente tens medo
Porque tu te transformaste num segredo

Nem a tua sombra te suporta
Na imensidão dos factos
Pois a ti já nada te importa
Nem a dor que geram os teus actos

Só a apatia te consumiu
Enquanto vagueias sem destino
Viraste a cara ao que te iludiu
Conheceste assim o abandono

Porque foste tu quem criaste a tua dor
Rendeste-te à certeza de estar errados
Perdeste a essência de sonhador
Tornaste-te assim um escravo do teu fado
Pedaço de músculo, que geras a força que faz mover o meu corpo, que formas a adrenalina que me permite viver, e contrariamente aos meus desejos continuar a sentir que o lugar que ocupo neste pedaço de nada onde habito, não é mais do que um enorme nada, um vazio tormentoso a que me sujeitei e sou sujeitada. Continuas alegremente a bater, mantendo a harmonia deste conjunto de células, músculo e osso, contrariando todos os pedidos para parares e libertares da vida que não lhe encontra o menor sentido, apesar de todos os esforços. Ignoras cada golpe que desfiro neste pedaço de carne, já tão massacrado por golpes de outros tempos, pelo puro deleite de me observares a definhar lentamente ou, pelo contrário a encontrar o esquecimento de tudo aquilo que me impede de continuar a caminhar, por entre trilhos sombrios já tão bem conhecidos e tantas vezes percorridos. Porque tu, sim tu pedaço de músculo desobediente e lutador, que não me deixas desistir. Não te importas que agonize, simplesmente queres que viva, que talvez um dia me erga, que seja eu mesma, sem medos, simplesmente com sonhos. E apesar de agradeço-te por isso, por não me deixares tombar ao manteres aquele ritmo que numa noite de melancolia me acompanha e me faz adormecer.
As curtas ondas
Que subtilmente tocaram os teus pés
Pedem para que nunca te escondas
E que te admires por seres como és

Porque o tempo de uma nova onda nascer
Basta para alterar a forma de agir
A forma que te fez crescer
Aquela que te fará deixar de existir

Pois as ondas nunca são iguais
Tal como a vida nunca te atinge da mesma maneira
Daqueles que se julgam os ideais
Porém não conhecem a tua face verdadeira

A ti, doce onda do mar
Que nos meus pés subtilmente tocaste
Me fizeste por um segundo parar
Só tornando a tua passagem num vago instante

Saudades

Que saudades que terei
Desta nuvem de fantasia
De todo este tempo que esperei
Para alcançar este dia

As saudades que vou ter
De tudo aquilo que ultrapassei
Daquilo que rapidamente se vai perder
Mas serão essas as memórias que guardarei

Quando esse dia chegar
O dia em que a saudade vai emergir
Em que as primeiras lágrimas se vão soltar
Saberei que valeu a pena não desistir

Saberei que viver já não é uma ilusão
Que esta luta nunca foi inglória
Pois ao não dar margem a esta solidão
Pude escrever esta página da minha história

24/06/11

O dia em que um pulso fez toda a diferença

Dia 3 de Junho de 2011, aula de Educação Física, estava com um par de patins nos pés, algo invulgar, mas que não me motiva. Aula de avaliação daquela modalidade, avaliação oficial feita, mas as notas não me agradaram, logo resolvi treinar e querer fazer melhoria. Estava a treinar, um movimento simples, mas que se tornou demasiado complicado para este ser com sérios problemas de equilibrio, uma rotação, para andar de costas, nada difícil. Mas, na última tentativa de treino, pois só restava uma pessoa para a minha vez, inexplicávelmente caio redonda no chão, em slow-motion como são todas as minhas quedas. Cai,e numa tentativa de evitar bater com a cabeça no chão coloco as mãos para amparar a queda, resultado, 47 quilos em bruto sobre o meu pulso esquerdo. Estendida no chão, começo a rir-me enquanto percebia que cair de frente me faz sentir extremamente mal, agarrei-me ao pulso, que já inchava, e levantei-me. Miraculosamente, só duas pessoas perceberam que me tinha estatelado no chão. Fui em direcção ao professor, e disse, que cai e que me doia o pulso, tive de por gelo. Mas julgava que não era nada de especial e não me preocupei apesar de ter o pulso extremamente inchado, e me doer, fui à aula seguinte. Inglês. Por sorte iamos ver um filme. Sentei-me, e duas alminhas caridosas, decidiram enfernizar-me a cabeça para que fosse ao hospital, coisa que me recusava a fazer. Mas fui. Saí da sala. Papéis tratados com a escola, vou em direcção ao Centro de Saúde desta vilazinha. Ao contrário do que era previsível, foram bastante rápidos a atender-me. Carta de emergência para a minha cidade berço, Caldas. E aquele pulso inchado a doer. Chegamos a Caldas, e 3 horas depois, fiz o raio-x que aquela carta de emergência solicitava. Mais duas horas para saber os resultados. Tinha uma contusão, o que é isso? Não faço ideia. O médico mete-me um bocado de gesso no braço. E tive de fazer aquela figura durante uma semana. E por este pulso, por aquela queda, a minha nota não foi outra, não tive maneira de fazer melhor figura. Aquele dia fez a diferença, mudou a minha maneira de ver o meu pulso, e a minha aparente falta de equilibrio para as quedas frontais.

Ode aos Falsos

A todos aqueles que acreditem
Que a vida não tem sentido
Que quando algo lhes dói mentem
Para vocês o meu respeito não será conseguido

Aos que pensam que respirar é um dilema
Que julgam que a falsidade é um recurso
Pois as falhas são o seu maior problema
E dão ao seu cinismo o pior uso

As vossas lágrimas não significam nada
São pura infantilidade
Daquela máscara que vos está pregada
A máscara da cruel e vil falsidade

Para vós nem o ódio é suficiente
É um sentimento que vos dá orgulho
Pois é sinal que não nos passam indiferentes
Mas ter-vos conhecido é algo de que não me orgulho

Obrigado por serem como são
A prova viva que as máscaras não caem em vão
Àquela que mais me ensina a dizer não
A esta falsidade que tanto nos maltrata o coração.

Aqui jaz

Um dia
A quando da minha morte
Escreverão esta melodia
Para o vento que vem do norte

Aqui jaz quem se perdeu
Que não viveu como devia
Alguém que sempre sofreu
E que quase ninguém conhecia

Aqui jaz quem viveu por acaso
Quem não sentiu a doçura da vida
Mas por outro lado
Ninguém via a dor como ela via

Aqui jaz, fria e serena
Uma pessoa que desejava a morte
Que se julgava pequena
Mas que não viveu marcada pela sorte

Aqui jaz, ainda
Quem fez da escrita um refúgio
Da sua amarga e dura crueldade

Viveu com medo
Emoções, raivas e paixões
Como se a vida a tratasse com desprezo

Aqui jaz
Jaz, e por fim já não regressa
Deixou a sua dor para trás
E partiu feliz pois cumpriu a sua promessa

14/05/11

Simplesmente um sonho

Carregavas uma rosa vermelha na mão
Com um soberbo ar de menino bonito
Parecias um anjo que abria qualquer coração
E desfolhavas a rosa, por achares divertido

De repente surgi eu
A pessoa por quem ansiosamente esperavas
Quando vi que o teu sorriso se abriu
Entendi que eras tu quem me procurava

Sentaste-te, sorriste e disseste:
“Mana, vem cá, há algo que te quero dizer”
Fui com o passo controlado e reticente
Pois não entendia o que estava acontecer

Disseste-me para ser forte
Por ser capaz e porque o merecia
Que devia confiar mais na sorte
E que quem me fez mal sofreria

Nesse preciso momento acordei
Vi que tudo não era mais do que um sonho
Sendo tão relevante facilmente o recordei
Pois a minha mente retém o que eu escolho

Gostava que fosse realidade
Este sonho que a minha mente idealizou
Acalmou a dor que sinto de verdade
Pois a tua presença muito me marcou.
Nem todo o mais belo som
Se transforma numa doce melodia
Ilumina o que julgo ser fantasia
De ver o mal como algo bom

Aquilo que vejo como sol
Nem sempre é a luz de um dia
Demonstra como a minha vida é um anzol
Que me arrasta para esta filosofia

Tudo o que vejo como lua
Vejo revelada pela noite
A que para sempre será tua
Pois a luz tornou-te diferente

Porque nem sempre o que vês
Se torna em realidade
Simplesmente és inundado com os seus porquês

És arrastado para a ilusão
De veres tudo de um modo diferente
Daquilo que na verdade, não passa de mera ficção.

12/05/11

"O silêncio das minhas palavras é suprimido pelo alarido do meu olhar" - DH

10/05/11

Camaradas da Luta.

Após uma óptima prestação em Dusseldorf, fomos eliminados. Confesso que no fundo estava preparada, mas a chama nacionalista mantinha a convicção de que poderíamos chegar à final desta espécie de concurso de música, onde este vocábulo é seriamente colocado em casa. Assisti à cerimónia, e fiquei a pensar, mas que raio é isto? Música? Onde? Uma senhora, que era a imitação da nossa Wanda Stuart, mas com o cabelo vermelho. Três músicas cuja melodia era extremamente interessante, mas quando os cantores abriram a goela, este ser ficou com um ar tipo: que é isto? Até fiquei estúpida com aquilo. As únicas coisas decentes que vi naquele concurso, foram três, a Rússia, pela boa voz do cantor (o único que falava inglês decentemente) e pela sua beleza, a Finlândia, pela voz do cantor, e a Suíça, pela originalidade da canção. Estão as três na final, se a memória não me atraiçoa, ao menos uma coisa de jeito. Com a não presença dos grandes Homens da Luta, não vejo esta edição da Eurovisão. Para ver um espectáculo de puro capitalismo e egocentrismo alemão, prefiro dormir la siesta ou preferia ver a Hello Kitty. E para concluir, citando a grande Mozie, e acrescentando: “Eurovisão vai à Merkel!”. Homens da Luta, sempre!

05/05/11

Máscaras

As máscaras caem
Mantendo as memórias dormentes
Tornam-se aquelas dores que me traem
Sendo as tentativas de fuga tão eloquentes

Deixam aquele negro exposto
Revelam aquilo que deveria ser secreto
Transformam o que vivia em algo morto
Tornando a vida em algo ainda mais curto

Nem todas as máscaras são más
Há as que escondem dores verdadeiras
Aquelas que vêem lá detrás
As que foram as dores primeiras

A minha máscara caiu
Mostrou o quão negro tudo em mim é
O pouco tom de incerteza sumiu
Voltando a apatia ao que inicialmente era

Perdi o que me servia de suporte
O que me protegia de todas as agressões
Não me deixa pronunciar a palavra sorte
Quer que sucumba nesta maré de sensações.

01/05/11

Mãe

Gostava de venerar-te, de encher o peito e dizer com orgulho: “Esta é a minha mãe”, mas não consigo, as tuas acções impedem-me de o conseguir fazer. Não te odeio, obviamente que não mas simplesmente não te venero como uma filha normalmente venera a sua mãe. Admiro-te sim, por me teres deixado nascer, mesmo quando te diziam para não me teres e que não queriam a minha presença, mas foste mais teimosa e cá estou eu, 17 anos passados a escrever-te estas palavras a que não darás a mais pequena importância, porque a pouca coisa do que eu faço dás importância, mesmo que seja uma boa nota na escola. Não te consigo falar docemente se as tuas palavras são mais amargas que fel, mas a culpa é sempre minha, eu é que falho, eu é que estou errada. Não consigo tolerar a tua agressividade, fica cá dentro e vai acumulando até que fatalmente explode, caindo os destroços sempre em cima de alguém que não merece, que não tem culpa de seres assim, de gritares por tudo e por nada, de seres uma autêntica besta porque não fazem o que queres. Hoje é o teu dia, não te dei um beijo, não te abracei como normalmente fazia, porque não aguento mais, não te aguento mais. Mas apesar de tudo, foste tu que me deste vida, e apesar de todas as lágrimas que me faças chorar, eu admiro-te e muito.

13/04/11

Dura forma de viver

Sinto dores por coisas irrelevantes
Por ser fraca ou por não ser
Conheço uma nova dor a cada instante
Desta minha dura forma de viver

Carrego a desdita do azar
Sufocada por ligeiros travos de sorte
Tenho por imposição de manter este ar
De quem deseja ferozmente a sua morte

No sentido de desaparecer
Não sendo indiferente à tristeza de quem ficaria
Simplesmente acho que não sou digna de viver
Com esta dor que aumenta a cada dia

Por mais igual que mostre ser
Aqui dentro bate algo flamejado de tristeza
Já nem sequer me consigo reconhecer
Só querendo que esta melancolia desapareça

Deixei de saber o que é viver
No momento em que esta colossal dor me atingiu
Perdi aquela força de não querer mais sofrer
Pus de lado a felicidade que se extinguiu

Filosofia do ataque

Quando a vida te soar dura
Ataca
Vais sentir-te envolvido numa neblina escura
Mas nunca demonstres parte fraca

Por vezes será um erro
A vítima não será a adequada
Cobrindo-te num manto de medo
Porque, por vezes atacamos a pessoa errada

É esta a minha filosofia
O meu estranho modo de agir e pensar
Magoo por erro em demasia
Não fazendo nunca esta filosofia cessar

Joga ao ataque para fugir à defesa
Embora sendo mais doloroso
Traz consigo aquela certeza
De que um ataque certo será proveitoso

10/04/11

Um novo adeus

Digo adeus desta vez
Aos sonhos que não passam de fantasia
Aqueles que escondia na timidez
De encarar o mundo com alegria

Faço uma vénia ao passado
Cumprimento com ar sarcástico o futuro
Fazendo parecer que o presente me passa ao lado
Imaginando tudo isto como um tiro no escuro

E vou dizendo adeus
Àquilo que nos atordoa
Que a modesta idade escondeu
Porque sabe o quanto nos magoa

Levanto a cabeça
Na ilusão de estar bem alto
Levo a que a minha mente se esqueça
Pois agora já nem vale a pena dar aquele salto

Este é o adeus final e derradeiro
Apesar de pensar que nunca chegaria
Talvez seja este o sonho verdadeiro
O de crer que esta fase se concluía

Fecho já com saudade a cortina
Daqueles sonhos que julgava serem meus
Dissipo as memórias numa doce neblina
E digo-lhes com certeza um suave adeus.

O único poema da minha autoria de que gostei realmente.
Não sei simplesmente porque.

Portugal

Localizado no extremo da Europa
Rodeado de mar e de rios navegáveis
Onde impera o fado e o grito de revolta
Devido a estas condições tão instáveis

Por aqui o futuro tornou-se incerto
Não revelando o que o amanhã nos trará
Vou assistindo a tudo tão de perto
Ao abismo a que esta politica nos levará

Estudar hoje é um dilema
Ficando nós alunos sem saber como pensar
Sem saber se vale a pena
Lutar para um melhor futuro alcançar

Quem não tem dinheiro
Não estuda porque não há necessidade
Ficando por concretizar o sonho verdadeiro
Pois ninguém vive do ar estando numa Universidade

Já nem a cultura lhes importa
Tal é a mentalidade capitalista
Agora que temos o FMI a tocar à porta
Talvez aquela mentalidade se revele realista

Perdeu-se também o sentido de uma revolução
Estamos todos apáticos e sem vontade
A riqueza nunca se revelou tanto uma ilusão
E todos os sonhos já estão esquecidos por necessidade.

07/04/11

"Por mais que na batalha se vença a um ou mais inimigos, a vitória sobre a si mesmo é a maior de todas as vitórias." Sakyamuni

Da Alexandra, a Dona Miguelinha, para mim.
Embora não tenha conseguido travar a batalha, vou fazendo renascer a vontade de me vencer.

Círculo vicioso

Por mais que queira que tudo seja diferente
Tentando sorrir em vez de chorar
Sabendo o quanto me dói estar presente
Só gostava deste círculo me libertar

Tudo converge para o mesmo ponto
Numa roda-viva de acontecimentos
Já nem de ser feliz me recordo
Vivo de facto presa a dolorosos momentos

Procuram testar a minha resistência
Até onde a minha força consegue tolerar
Não tentem ser a voz da minha consciência
Nem tentem impedir-me de fazer o meu tempo terminar

Chamem-me falsa, injusta e arrogante
Usem todas as armas que tenham para me derrotar
Isso para mim deixou de ser relevante
Aguardo sim pela doce hora de tombar

Na minha vida há um círculo vicioso
Onde a alegria leva sempre à tristeza
Em que o belo se torna tenebroso
E onde a partida se avizinha com mais clareza
Deixei de ver aquelas imagens
Só vejo dor e palavras amargas
Acabei com todas as minhas miragens
Rendida ao sofrimento desta vida que me mata

Sorrir deixou de me dar prazer
Chorar nem isso consigo
Mantenho a razão naquilo que me faz sofrer
Porque já nem oiço sequer aquilo que digo

A minha vida chegou a um plano paralelo
Onde nem os meus sonhos já me importam
Fujo agora daquilo que julgava belo
Corro para aquelas dores que me agarram

Será doença?
Será mais uma revolta da idade?
Para mim é só o tirar de uma beleza
Àquilo que nunca foi viver de verdade

Ser diferente, para quê?
Porque continuar errante e sem sentido
Alimentando a gula de quem a afundar me vê
Enquanto procuro algo mais que perdido.

Porquê?

Porque defendo quem mais me magoa?
Choro lágrimas de puro arrependimento
Mas por mais que saiba que tudo me magoa
Só paro para pensar depois do sofrimento

Aquela que esteve sempre comigo
Mesmo quando a revolta movia as minhas acções
Viro as costas a quem sempre chamei de amigo
Aquela que sempre me deu a mão em todas as ocasiões

Por mais lágrimas que agora me caiam
Este sofrimento latente não se afasta
Altera o sentimento dos que sempre lá estavam
Aumentando esta dor que me mata

Porque já não valem a pena mais palavras
Só o meu isolamento definitivo
Apesar de agora sentir que a vida me ajudava
Perdeu novamente o glorioso sentido

06/04/11

Rir-nos de nós próprios

Como não o podemos fazer? Se não nos rirmos como é que vamos manter as forças e a vontade de abrir os olhos todos os dias, mesmo que seja simplesmente para estimular este prazer de rir que vou possuindo. Gosto principalmente de me rir das coisas que fiz anteriormente por piores para a minha saúde que tenham sido, e algumas das coisas que fiz quando era apenas uma criança, não que já tenha deixado de o ser, que sou uma criança, daquelas bem irritantes, por vezes. Passando em revista o período da minha vida situado entre os 3 e os 6 anos, recordo-me de uma série de acontecimentos que me fazem soltar gargalhadas extremamente audíveis e irritantes, porque o meu riso é irritante, principalmente se for duradouro e eu começar a asfixiar, como durante uns tempos me divertia a trepar as paredes da minha casa, em espargata, quando tinha a brilhante ideia de introduzir dentro das tomadas objectos estranhos, neste caso as agulhas do tricô da minha avó, quando ela ainda estava presente, e ficava agarrada a elas, enquanto era electrocutada, era fantástico. Também me começo a rir quando me recordo que gostava de brincar com fósforos, e que ia incendiando a minha própria casa, tinha a perversa mania de engolir moedas, por puro vício, brincar com cal, com lixívia e de me esconder nos armários para que a minha mãe me procurasse. Também gosto de me rir dos meus hábitos de infância, de quando escrevia e comia com a minha mão esquerda, por motivos desconhecidos, e que simplesmente para imitar os adultos e não me sentir diferente passei a escrever totalmente com a mão direita, com medo de ser criticada, e de me sentir diferente, como acabo por ser, por fora e por dentro. Com isto rio de mim, vou mantendo a vontade de viver e de me rir de mim, de rir dos outros. Simplesmente mantenho a vontade de me rir.

04/04/11

Guerreiros

Os guerreiros também fraquejam, também agonizam de dor quando a vida não lhes corre da maneira como esperavam, embora tentem sempre manter aquela pose de lutadores, mas como tudo na vida as forças falham, tudo falha, infelizmente para nós. Gosto de quem sabe ser guerreiro, de quem luta arduamente por ser diferente e de quem é guerreiro mesmo quando a maior das dores o atinge. Sucumbem por eles, pelos erros que cometem e pelos outros, que os julgam pelas falhas e os criticam por algo que não devia ser criticado. Como compreendo os guerreiros sofredores, porque apesar de não ter nada de guerreira ou de lutadora, faço um esforço considerável para me manter em cima desta superfície repleta de fissuras e falhas a que chamam terra. Conheço uns quantos guerreiros, no sentido genuíno da palavra, gosto particularmente dos guerreiros de circunstância, talvez por ser um exemplar dessa espécie. Porque admito que por vezes dá um jeito danado ser guerreira, lutar por algo que valha de facto a pena, coisa rara para mim, pois encontrar motivos para continuar a caminhar neste planeta torna-se, cada dia que passa, uma das mais complexas tarefas, para felicidade de muitos seres que vagueiam por ai. Admiro os guerreiros, admiro a sua força e a sua persistência em lutar, mesmo que a vida lhes negue tudo aquilo que ambicionam, são grandes e diferentes por isso, e eu valorizo a diferença e o que é único, pois a igualdade não me causa qualquer tipo de interesse.

02/04/11

"Nunca sejas um objecto de ninguém. Nunca imites o pai nesse aspecto. Não te deixes manipular por um estranho, sê sempre assim." - Luís Hilário

Só por ser de quem é, já vale tudo.
Desfolho as páginas da história que escrevi, daquele livro que guardo na gaveta e que praticamente ninguém lerá, só quem for digno de conhecer a minha história, por possuir aquele mérito que só os mais verdadeiros e leais possuem. Cada folha conta uma história carregada com os sentimentos que lhe quis dar, porque é a minha escrita, as minhas por vezes duras palavras. Escondo esta história do mundo, não por medo mas por vergonha. Vergonha da escrita, da articulação e da pessoa que incessantemente escreve aquelas palavras durante esta frenética jornada que é a vida, que se terminasse agora, terminaria incompleta, mas verdadeiramente triunfante. Deixaria a minha marca naquele que me entraram na vida, e que sem dúvida teriam a sua página nesta narrativa, que tento escrever diariamente. Permanece imóvel no papel, soltam-se fragmentos que um cérebro astuto junta e concentra para tentar manter o sentido. São meras palavras, sem qualquer tipo de brilho ou coerência, mas que são minhas e apesar de as esconder, de não gostar delas são o meu mais real reflexo. Sou eu, é a minha história. Que ficaria mal contada se não fossem estas palavras a conta-la.

24/03/11

A “nossa” Língua

A língua portuguesa a imagem da nossa nação
Tem na pronúncia o reflexo da pureza
Aquela que deveria estar presente em cada cidadão
Que conserva na sua língua a sua enorme grandeza

À semelhança dos outros povos que habitam o mundo
E que têm na língua do seu nobre povo
O travo da criação de um idioma tão profundo
Mas que nunca morre, transforma-se sim em algo novo

Tornámo-nos grandes pelo colossal poder da escrita
Pela mística da dor e pela grandeza do nosso fado
Inúmeras vezes foi dada como perdida
Mas é a única que transmite a força de um passado

Esta língua passa pela amarga peste da mudança
Enfrentando um acordo que não passa de um inglório desacordo
Mas que decerto não vingará esta tentativa de desgraça
Porque não faz parte da história do nosso triste fado

Existem poucas coisas que me trazem certeza
São o espelho da nossa infeliz realidade
Mas acredito na grandeza da nossa língua portuguesa
Aquela que melhor exprime a palavra saudade

Nesta tormentosa e infinita hora
Que enfrenta a dolorosa frieza
A única certeza que trago comigo agora
É que eternamente se ouvirá esta língua, a Portuguesa!


Foi eliminado do blog não me recordo porquê, mas retorna.
Conquistei, com isto, o segundo lugar do Concurso de Poesia e uma bela menção honrosa que me orgulha, apesar de achar que ficava bem em último lugar.

22/03/11

Força dos 17

Idade das revoltas
Das paixões não correspondidas
De dores que outrora sentidas
Tiram aquele doce sentido às nossas vidas

Onde a inspiração parece inesgotável
Todos aqueles sentimentos nos inundam
Embora nem sempre a qualidade seja assinalável
São o retrato da adolescência que nos muda

Um dia esgota-se
Parecendo que a escrita para nós terminou
Mas de verdade, inova-se
Trazendo aquela razão que a idade nos mostrou

A qualidade evolui
Quem escreve prova que cresceu
Impregna em cada linha o que o destrói
Provando que a força dos 17 não se perdeu

Força para escrever
Lutar pelo que julgamos impossível
Vontade de fazer a vida passar a correr
Esperando aquela morte, dura e imprevisível.

Ideia da Patrícia, que vai escrever sobre o mesmo tema.

Dor

Permaneces produtiva
Dor minha que te manténs
Vagueias por mim altiva
Não me permites esquecer a força que tens

Por tua causa ainda escrevo
Ainda inflamas estes meus poemas
Inflamaras até que te ponha termo
A ti e a todos estes meus dilemas

Um dia, à minha vitória
Honrosamente cairás
Farás parte da minha história
Mas decerto um dia voltarás

Reduzida de força
Colossal de intensidade
Talvez nesse dia te ouça
Mas provavelmente só te guardarei saudade

Porque me ensinaste a crescer
Fizeste de mim o que tento saber agora
Mesmo que me tenhas tirado a vontade de viver
A tua hora de partir é que me ignora

Apesar de me teres, por vezes, feito bem
De todas as revoltas não terás perdão
Nem mesmo a que ainda vem
Conseguirá apagar esta vontade de te dizer não.

Chama

Chama viril e inocente
Que cravas no meu peito um sentido
Brilhas ardente
Procuras ensinar-me a superar o desafio

Desafio de viver
De dar cor a ela, que se quer bela
Ardendo para fazer renascer
Aquela vida, pintada a tons de aguarela

Aguarela de tons claros
Que esconde aquela escuridão
Omite todos os fracassos
Ao acender a chama neste coração

Coração que escorre de dor
Das feridas que apagaram esta razão
Tiraram-me este doce sabor
E esta vontade de lhe dizer não

O que me tiraste
Aquele sim à morte que eu gritava
Com esta forte chama apagaste
Toda esta maldade que me magoava

Ainda assim

As lágrimas ainda me rolam na face
Continuo a sentir-me um nada
Esta dor que não me esquece
Que me crava o peito como uma espada

Apesar deste estado ainda desconhecido
Esta força que em mim ressuscitou
Traz gloriosa o desejado sentido
Mas não me deixar esquecer o que se passou

Olhar-me ao espelho permanece difícil
Não vejo à minha frente uma imagem nítida
Vejo algo severamente marcado pela dor
Uma imagem sem cor que me é reflectida

Mesmo sabendo que no meu peito está uma chama
Que arde de alegria e me faz supor
Ainda que isto tudo me pareça estranho
Acho que agora sim, descobri o que é o amor.

O sonho morreu

A vontade de perder
Com que reconhecia não existir
Marcada por tanto sofrer
Chegou à hora de resistir

Agora a história é outra
Ganhou sabor lutar
Porque recebi aquela força
Que me faz levantar a cabeça e continuar

O sonho de tombar morreu
De querer fugir desapareceu
Esta nova vontade de súbito surgiu
Por isso quem me controla agora, sou eu.

True story (or not)

Aquela dor que ela sentia
Cravada pelo punhal da desilusão
Desconhecia como travar o que a perseguia
Simplesmente queria fazer parar o coração

Por mais ideias que tivesse
Não encontrava força para sobreviver
Queria que aquela dor a esquecesse
Só queria realmente morrer

Num acto de pura loucura
Como tantos que já tinha tido
Procura incessante algo que destrua
Toda aquela dor que a tinha destruído

Luzia tranquilamente
Com o brilho metálico da morte
E sem dó nem piedade
Crava aquela faca que encontrou, por sorte

As gotas de sangue escorriam-lhe pela mão
Sentia tudo de uma maneira tão forte
Tinha chegado a hora da rendição
Pois sabia que já não escapava da morte

Via a vida escapar-lhe pelos dedos
Enquanto a sua história
Carregada de gritos, choros e medos
Lhe passava a alta velocidade pela memória

Até que tombou
Com um triunfal sorriso na face
Aquela hora que tanto esperou
Tinha chegado pois a morte escutou a sua prece

19/03/11

Estou cansada. Estou farta de gritos, de me acusarem de coisas que não fiz, nem pretendo fazer, de me apontarem falhas, que já não tenho. Tento manter a calma e um sorriso na cara, apesar de já ser hábito e de tentar levar na desportiva ainda me custa, e muito. Ainda me doem os gritos, as discussões e todas aquelas palavras injustas que me diz. Não me passa totalmente ao lado, quando mais me prende mais quero fugir. Quanto mais grita mais esta raiva dentro de mim aumenta, que controlo trancando-me no meu mundo, naquele que poucos conhecem e apesar de estar impregnado de dor e de uma escuridão horrível, eu sinto-me bem lá. A força desaparece, e a vontade de passar o mínimo tempo possível em casa, é maior que tudo, o que me arranja mais uma espiral de gritos e acusações inexplicáveis. Circulo vicioso execrável.

14/03/11

Aquela dor

Dor ingrata que me matas
Que trazes dor a estas palavras que escrevo
Porque é que de mim não te apagas?
Pois lutar contra ti sozinha já não me atrevo

Dor malvada que me fazes sofrer
Que me tiras a vida em cada regresso
Explica-me o que fiz eu para te merecer
Simplesmente apagar-te é o que peço

Dor amarga que me fazes querer fugir
Daquele caminho que deveria seguir
As manipulares esta minha forma de agir
Tiras-me toda a vontade de existir

Dor indescritível que me fazes chorar
Dar mais um passo para o fim
Tudo o que queria apagar
Era esta dor que vive em mim

Sentimento que me enches de dor
Que cada dia tens menos nexo
Apagas da minha vida a cor
Só queria saber que um dia te esqueço.

12/03/11

"A fraqueza é como um produto fora de validade: pode ser consumido, mas mete nojo." - DH


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11/03/11

Uma semana.

Como o tempo passa, por vezes deliciosamente rápido, outras agoniantemente lento. É esta dualidade entre o positivo e negativo que me irrita, que me revolta, que me fere. Faz hoje uma semana, ainda me lembro do medo que sentia quando acordei, aquele medo incoerente de falhar que não me largava, de chegar e não conseguir falar, de falar e não alcançar o meu objectivo. Sai dolorosamente da cama, olhei para o relógio, tinha tempo. Tempo para pensar, para acalmar aquela ânsia que tinha assombrado o meu peito, para pensar nas palavras correctas a dizer. Abri a porta e pensei, “vamos a isto Diana, isto têm de correr bem”, ia pensando com uma súbita rajada de força que me sacudiu, me fez fechar a porta e caminhar para o meu destino. No caminho, a força evaporou-se, toda eu tremia, toda aquela coragem se tinha ido embora e eu só pensava “não vou conseguir, não vou ser capaz” enquanto o telemóvel não parava de receber grandes torrentes de força e de apoio, que era o que mais precisava naquela altura. Consegui chegar ao destino, entreguei os papéis necessários e fui saudada com uma calorosa mensagem “é só aguardar um bocadinho”. Juro que tive vontade de sair dali a correr, o medo congelava-me aquela coragem que muitos dizem que tenho tinha-se esfumado, para meu desespero. Sentei-me, aguardei, reconheço que odeio esperar, a espera enlouquece-me, dói-me. Ouvi o meu nome, o sorriso iluminou-me a face, estava na tão esperada hora, aquilo que durante três meses me tinha feito agonizar estava realmente a acontecer, e eu estava finalmente a passos de ter o que desejava: uma cura, uma solução. Não imediatamente, mas este era aquele passo fundamental que eu nunca tinha tido coragem para dar, até há três meses atrás. Correu tudo melhor do que eu pensava, disse o que precisava, agora falta a espera pior. A espera mais dolorosa, logo eu que odeio esperar, mas a espera necessária. Falta um papel, uma carta, uma folha com umas letras escritas e ai, vai ser a loucura, vou ter o que queria, mesmo não estando totalmente preparada, mas é o que eu quero, é o meu maior desejo.

08/03/11

Já se escreveu melhor neste país
Exprimiu-se outrora melhor a desdita da saudade
Conhece-se agora o inútil aprendiz
Desta vã e inglória realidade

Todos agora escrevem
Para deleite dos que se dizem críticos
Aproveitam-se daquelas dores que sentem
Aumentando o ego daqueles hipócritas e sempre cínicos

Hoje a escrita deixou de ser arte
Passou a ser uma singela moda
Encontramos a escrita em toda a parte
O que a faz cair nesta confusa roda

Qualquer um agora é escritor
Não sendo eu um poço de moralidade
Também eu atinjo com pouca qualidade o nobre leitor
Também eu sou o reflexo desta sociedade

Actualmente é moda, dá mérito a quem não o merece
No passado era algo a que só alguns chegavam
Todavia ninguém por certo se esquece
Do prazer que têm aqueles que a meta alcançaram

Já não se escreve em Portugal
Perdeu-se o rasto da qualidade
Não se sente o cheiro do mar nem daquele sal
Só há lembranças cravejadas de saudade

Acabou o honroso fado
Extinguiu-se a mais bela poesia
Encontramos rimas em qualquer lado
Anexadas a uma ritmada melodia

Será que isto muda?
Acalmar-se-á esta tempestade?
Acontecerá algo que destrua
Esta imensa falta de qualidade?

Ferida.

Não a consigo fechar
Impede-me dolorosamente de viver
Por mais que a tente tolerar
Mais ela maltrata aquilo que gostava de ser

Algo que me supera a mantém aberta
Faz com que o seu tamanho aumente
Ficará para sempre desperta
Até que algo benéfico a mate

Esta ferida que não fecha
Não cria a desejada cicatriz
Tem a dura impetuosidade de uma flecha
A que me vai deixando mais infeliz

Era tão bom que finalmente passasse
Que se tornasse numa pura ilusão
Fazendo com que me sentisse
Finalmente liberta desta sensação.

06/03/11

“Ses” e “mas”

A vida é repleta destes, por vezes tão úteis, advérbios. Porquê não gostar deles? Não os utilizar para suscitar uma dúvida ou espalhar aquele delicioso rasto de mistério. Gosto tanto de ler um “se”, gosto de ficar na dúvida, excepto se for negativamente, gosto de mistérios principalmente se forem difíceis de decifrar, adoro-os, de verdade. Por vezes um “se” ou um “mas” escondem o mais negro dos segredos, a mais amarga das dores, a mais inexplicável personalidade, mas gosto disso. Gosto de os utilizar, quando a conversa não me agrada, quando não conheço a pessoa com quem falo, quando quero deixar aquele delicioso travo de mistérios e ainda quando a dor se apodera de mim. Quando tenho a sorte de ser contemplada com um destes advérbios com uma valente carga de mistério, fico possuída, de curiosidade, o meu cérebro fervilha ao tentar interpretar o significado destes vocábulos, tão diminutos, mas tão poderosos, ou não fizessem eles parte da nossa existência, desde que, aprendemos a falar correctamente, falando por experiencia própria. Há que gostar de um “mas”, por mais duvidas que ele traga agarradas, porque ele é belo, tem brilho, magia e respira sentimento. São bonitos, têm uma colossal intensidade. Não vale a pena ficar com medo destas duas palavras, porque por vezes a dúvida é muito mais doce que o conhecimento, porque este por vezes dói, é amargo e gélido. Aprendam a usa-los, a venera-los e sobretudo a compreende-los, pois assim aprendem a compreender o maior mistério de todos, o nosso mistério interior, aquele que por mais que alguém tente nunca conhece na completa totalidade pois isso cabe-nos a nós, que usamos este corpo de aluguer, repleto de imperfeições e incoerências mas que para o bem e para o mal nos pertence, há que aprender a gostar disto.


Da Alexandra Figueiredo, ela sabe bem o porquê.
"Por vezes a explicação é bem pior que a ignorância" - DH


(verifiquei se alguém teria escrito algo semelhante, não fosse ser acusada de plágio)

27/02/11

Tenho saudades

Tenho saudades de ser criança. Tenho saudades de ser pequena e esquelética, o que me custou até hoje a alcunha de “esqueleto vaidoso”. Tenho saudades de ter medo do mar e ficar sozinha a fazer castelos de areia enquanto os outros se divertiam na água. Que saudades. Tenho saudades de quando o meu irmão vinha a minha casa para nos visitar e eu estava a dormir, e que embora a minha mãe lhe dissesse “João, não acordes a menina que ela está a dormir”, ele não se importava e rodeava a cama onde eu dormia até me acordar, para me dizer: “leite condensado, leite condensado” e lá saltava eu da cama para que ele fosse buscar a tão desejada lata de leite condensado com que partilhamos tantos sorrisos, risos e brincadeiras. Era feliz naquela altura. Tenho saudades das brincadeiras com o meu pai, das poucas a que tive direito, e do tempo que passava sem o ver, porque quando saia eu já não estava e quando entrava eu já dormia mas quando, nas folgas dele estávamos juntos e passávamos o dia juntos, eu sabia que valia a pena esperar. Tenho saudades de estar verdadeiramente doente e de ter a minha mãe todo o dia ao meu lado a cuidar de mim. Velhos e bons tempos. Tenho saudades da escola primária, de já ter aprendido as coisas em casa e perder uma manhã a olhar para o quadro e a pensar na origem de tudo, inclusive da minha própria origem, tenho saudades dos ditados, de trocar os “m” pelos “n” e vice-versa, tenho saudades de passar os dias a correr atrás de uma bola e de mal saber pegar numa raquete de badminton. Tenho saudades de ver os meus sobrinhos bebés e de ver a minha irmã graciosamente pegar neles e faze-los parar de chorar. Tenho saudades de andar de mão dada com ela, quando me levava a passear. Tenho inclusive saudades dos ciúmes que senti quando o meu primeiro (e único até agora) sobrinho nasceu e de pensar que já ninguém gostava de mim, porque iria perder uma das minhas maiores fontes de afecto. Enfim, tenho saudades de ser criança, quando ainda verdadeiramente o era, sinto falta de ser feliz e não ter tantos fantasmas dentro da minha cabeça. De ter medo e de ter afecto. Tenho saudades…
Tenho demasiado receio de viver
Pois carrego pesada a amargura
Anseio dolorosamente por desaparecer
No calor de uma noite escura

Conto cada hora, cada pequeno segundo
Olho para o negro céu que me ignora
Não querendo que abandone este mundo
Mas não fazendo passar aquela sofrida hora

A única coisa que tenho certeza
Que me vai acendendo a chama da razão
Simplesmente que não me falte a destreza
Nem me falte a força no coração

Observo os passivos ponteiros do relógio
Movendo-se lentamente aumentando a minha solidão
Fazendo aumentar este sentimento inglório
Que é o espelho desta minha desilusão

Tempo amargo que não passa
Sofrimento este que não me larga
Revelas cada minuto desta desgraça
Prolongado esta vida que me agarra.
Aquela passadeira ainda me assusta, ainda passo por ela com o peito carregado de dor e a face repleta de tristeza. Ainda saltitas triunfante por entre as minhas memórias, lembro-me como se fosse hoje de quando brincávamos no café da tua tia e de como eras bonita, aliás eras linda, eras, és e serás sempre. Lembro-me da angústia que senti quando soube o que te aconteceu, quando por um acaso desta amarga vida foste abalroada por um carro que te tirou a vida para desespero daqueles que sempre te amarão. Lembro-me, como se fosse hoje, como se estivesse tudo a acontecer de novo, de quando no teu funeral, a tua mãe, a enorme Jane me abraçou, foi o abraço mais sofrido que alguma vez recebi e dei e por culpa da minha imaturidade dos meus sofridos 14 anos de idade, na altura, não soube responder da maneira mais adequada, só com lágrimas e com a rosa que repleta de lágrimas deixei ao teu lado, quando pela ultima vez te vi antes de desceres á terra enquanto eu chorava amargamente. Hoje ao passar naquela passadeira, lembrei-me de ti, lembrei-me daquele medo que durante cerca de um ano me impediu de atravessar aquela passadeira, onde fatalmente foste apanhada pela amargura da vida, e da angústia que sempre que atravessar aquela passadeira vou sentir. Faz daqui a uns dias, 3 anos, naquele que vou para sempre considerar o pior ano da minha existência, naqueles meses que para mim serão os piores de sempre, onde tudo o que não queria que acontecesse, aconteceu, onde a depressão surgiu, onde a inocência se perdeu. Vou lembrar-te sempre, vais sempre passear alegremente nas minhas memórias. Até daqui a nada, encontramo-nos no paraíso.

22/02/11

Momento

A vida seria mais doce
Se fosse apenas um momento
Escondido no tortuoso vértice
Daquela dor que se esconde cá dentro

Preferia que fosse menos amarga
Com menores contradições
Não deixaria alguma marca
Nem atrairia desilusões

Tornaste-te naquela impetuosa chaga
Que carrego latejante no meu peito
Tornando-me cada dia mais fraca
E intolerante a qualquer amorável sentimento

Seria tudo muito mais fácil
Caminharia segura num doce mar de rosas
Poderia ser muito menos frágil
Á desilusão deste fio de prosas.

15/02/11

Vivo de cada pegada no chão
De cada grito numa noite escura
Sou o espelho da dor da desilusão
Desta amarga depressão que me procura

Grito por cada dia de escuridão
Por cada lágrima de amargura
Sofro tantas vezes com a ilusão
De já não sentir a minha vida pura

Encho o meu corpo de golpes
Tentando atenuar a dor que permanece
Enquanto espero que a dor não volte
Mas sei que não me esquece

Procuro uma luz que me indique o caminho
Da passagem a uma menos penosa fase
Mas a cada passo que dou, tropeço com o sarilho
Que me leva a um golpe numa outra parte

Viver sem sentido já se tornou numa máscara
Que atenua a dor mais dolorosa e cruel
Mas não consigo escrever a página da minha quimera
Ao sentir o amargo sabor do fel.

Deux Pieds Gauches

Descobri o que é soupless
A grandiosidade de um suave movimento artístico
Que me faria viver loucamente em trés grand vitesse
Ao som do ballet e do seu ruído característico

Mas o que com a dança aprendi
Ou desaprendi por ter nascido com dois pés esquerdos
Como dizem os meticulosos franceses, c’est la vie
Devo deixar de lado todos os meus medos

Dar um salto mortal e cair de cabeça
Dói muito mais do que me assusta
Traz aquilo que esta dança não deixa que me esqueça
Que por maior que seja a piruette, executa.

Andar em pontas é algo que me fascina
Ter um coup de pied perfeito
Rodopiar até sentir a adrenalina
Ao fazer saltar todo o sentimento do peito

Executar um arabesque sem cair
Girar num grandioso pivot
Dançar loucamente até o sentido deixar de existir
Terminando esta dança com um elaborado plie.

13/02/11

O melhor autor é aquele que não copia, que consegue ter a sua magia em cada vocábulo que arduamente se esforça para escrever, para aqueles que pensam que a escrita é fácil e que qualquer um consegue chegar e implantar uma escrita própria, desenganem-se meus caros, são poucos os que o conseguem fazer. Porque o melhor autor pode demorar dias até encontrar a palavra perfeita para terminar um poema ou para terminar uma frase. Esses autores inspiram-me, a mim que não passo duma mera sugadora de ideias. Existem dois tipos claros de copiadores: os parciais que copiam a ideia mas lhe tentam dar uma nova roupagem e modificar o fundamental da ideia, esses chamo-lhes copiadores soft e na minha opinião, estou incluída neste vasto grupo. Existe depois os completos, que copiam um texto de raiz, normalmente sem modificar possíveis brasileirismos que venham incluídos contudo existem aqueles que os corrigem, cortam partes e mudam palavras e assumem que o texto é seu, esses são os copiadores hardcore, e sinceramente metem-me nojo. Aprecio os que conseguem escrever sobre temas únicos, com palavras mágicas, não copiáveis e insubstituíveis, esses sim são autores, no verdadeiro sentido das palavras, aqueles que inspiram os copiadores soft e que são copiados e modificados pelos hardcore. Estes merecem respeito, os hardcore não merecem nada. Porque o melhor autor é aquele que consegue ser único.

De que vale?

De que me vale ser poeta
Se não consigo ser eu fora das palavras
Revelo muita coisa ao escrever numa língua indiscreta
Que revela aquelas histórias mal contadas

De que me vale sentir em demasia
Se não demonstro beleza em cada gesto
Nem com os mais doces vocábulos da poesia
Aqueles que tento guardar por perto

Não me vale de nada pensar demasiado
Ao tentar tornar-me numa sombra escura
Tentando viver a vida e esquecer o passado
Que me leva a não me sentir segura

De que me vale ser eu
Se não sou metade do que poderia ser
Tenho a dor de um passado que me escondeu
Vivo em busca duma força para renascer

Pelo menos vale me a pena crescer
Conhecer o mundo novo da poesia
Tentando nunca me perder
Nas pesadas melancolias de uma teoria.

31/01/11

Desabafo

Ouvi uma voz, que gritava ferozmente pelo meu nome e me dizia: “Acorda, deixa de ser criança e perde o medo que tens de viver”. Ainda sinto a vibração dolorosa daquela ríspida e ofegante voz que gritava por mim, aquela que dolorosamente dizia tudo aquilo que não se cansam de me repetir mas que por mais que tente não consigo assimilar. Foi algo que não esperava, foi uma chapada da realidade que ninguém ainda não teve o pulso forte de me dar, mesmo sabendo eu que as palavras podem causar feridas mais profundas do que um insignificante estalo, que por mais inútil que seja serviria para me acordar. Esta voz causou-me uma inexplicável dor, anexada às que já estão latentes, trazem-me certas vontades que nem vou referir por ser tudo obra de ficção, obra deste meu cérebro, aquele que mais do que nunca reclama calma e um pouco de racionalidade. Mas a culpa não é minha, o tempo não passa, com o simples prazer de me fazer sofrer e chorar. Nunca tive urgência, gostei de sentir o tempo a passar calmamente em mim, mas já não suporto isso, agora mais do que nunca tenho urgência. Urgência em dissipar os fantasmas, em deixar de sentir o meu peso nos ombros, só quero que o tempo passe para isto, agora que a solução está tão próxima o tempo decide estagnar. Queria deixar de ouvir esta voz, a que desesperadamente grita por mim para me fazer levantar a cabeça, mas que as forças começam a faltar.
Quando passar a ser coerente
Deixarei de ser eu
Verei uma nova luz no horizonte
Provarei a todos que este ser renasceu

Aprenderei a ser finalmente feliz
Dando valor ao que eu considerava inútil
Serei uma nova mulher, como por aqui se diz
Lutando para tornar cada dia menos fútil

Será que a batalha valerá a pena?
Que todo este sacrifício terá recompensa?
Para mim valerá superar a dor que me condena
Tornando-me maior do que esta dor imensa.

O que hoje é uma meta a atingir
Será aquilo que me traz mais esperança
Fazendo-me por vezes pensar em desistir
Mas que apesar de tudo me aumenta a confiança

Quando voltar a nascer
Não serei mais do que a sombra do que fui
Provarei que mais vale aprender a viver
Do que sentir o peso desta dor que me atraiu

Já não vale a pena tentar chorar
As lágrimas não exprimem o sentimento
Embora as sinta retidas, já não consigo negar
Que tamanha dor se prolongou por demasiado tempo

Apesar de ter tanta coisa aqui dentro
Algumas que tantas vezes me tiraram o rumo
Terão sempre presença nas memórias que concentro
Aquelas que preferia fazer desaparecer como fumo

Quando deixar de ser um ser sem sentido
Tendo a capacidade de superar todas mas mágoas
Saberei que todo o tempo não foi perdido
Nem me restarão tristezas aprisionadas.

30/01/11

Aprende a deixar a máscara cair
Não tenhas medo de os sentimentos demonstrar
Saberás assim tudo o que estás a sentir
E valerá a pena deixar-te chorar

Não te prendas numa negra redoma
Aquela que te impede de ver o mundo
E apesar de a vida por vezes ser uma afronta
Não te escondas no teu lado mais profundo

Revolta-te com o que está errado
Corrige tudo o que tiver correcção
Aprende a ver a vida num outro lado
O que a faz ter alguma razão

Vive cada dia como se fosse o último
Frase gasta mas com tanto sentido
Não esperes sentir-te á beira do abismo
Para perceberes que não passas de um perdido

Deixa a máscara finalmente cair
Mostra aquilo que a dor escondeu
Percebe que há mais do que existir
Não te transformes em algo como eu.

História da minha vida

Não são precisas demasiadas palavras
Para descrever algo que para mim não tem valor
Podia ser aquela vida que alguém imaginava
Ao menos assim poderia sentir o seu sabor

Deram-me o nome de uma princesa
Mas adicionaram uma péssima personalidade
Criaram-me sem qualquer toque de beleza
Tornaram-me num ser rodeado de particularidades
Que sem a mais brilhante surpresa
Criei um complexo incurável de inferioridade

Só fui feliz na infância
Quando tudo era fácil de experimentar
Não sabia dar valor à tolerância
A que ao fim de tanto tempo comecei a respeitar

Tornei-me no espelho puro da revolta
No que a dor ajudou a transformar
Aprendi a sentir a vida como uma página solta
Mesmo quando as lágrimas não se faziam mostrar
Sendo esta aquela dura fase que tanto custa
Tenho de saber onde a adolescência me quer levar

Serei feliz quando um novo dia nascer?
Quando um novo horizonte me agarrar
Será dessa maneira que irei aprender a viver?
Resta-me dolorosamente esperar.

É esta a minha história.

16/01/11

Ídolo

Poderia ter um ídolo futebolístico, uma personagem histórica, um escritor\a daqueles que me marcam quando leio as suas palavras insubstituíveis, um qualquer cantor como o meu Manson (meu e de meio mundo) mas não, o meu ídolo é uma pessoa comum cujo sangue me corre alegremente nas veias e que marca a minha vida de uma maneira que só a pessoa mais importante da minha vida me poderia marcar. É a minha irmã, de seu nome Raquel Hilário, como se ainda restassem algumas dúvidas desse facto. Sem a mais pequena duvida que esta mulher, daquelas em que o termo é mais que adequado, é a mais importante da minha vida. Desde que nasci, e que ficavas comigo quando as coisas aqui por casa não estavam pelo melhor, que me fazia rir, que suavemente me acordava todas as manhãs com a mesma doçura que acordavas os teus meninos, aliás os nossos meninos, e que com a sua interminável força me enchia dela não me deixando ir abaixo nos piores momentos. Fazes-me falta, estes 1700 km de distância que nos separam são muitas vezes insuportáveis de tolerar tenho vontade de pegar num carro e ir para ai nem que seja para uns minutos de conversa, um abraço e um sorriso, já me bastava. Ontem ao despedireste de mim no MSN (a nossa arma de comunicação a par do telemóvel), que só li hoje quando lá voltei disseste isto “amo-te muito e sinto a tua falta”, pois bem como podes calcular deste remoto ponto do nosso país onde fomos muito felizes e também muito tristes sabes que as saudades nem se conseguem definir com insignificantes palavras, faz-me falta todos os dias, mais nos que estou triste e perco as forças de lutar e em que conto os dias para a tua visita ou a minha ida a essa grande cidade, que aprendi a adorar, Paris, e onde me sinto inexplicavelmente bem. Enfim é isto, para quem pensa que os ídolos não existem, esta pessoa é o meu ídolo, sem a menor dúvida a pessoa que melhor me entende e que melhor me compreende e que independentemente do que aconteça nunca se esquece de mim. Por mais coisas que aconteçam não a retiram da minha memória e do meu sangue que partilhamos fielmente. Amo-te indescritivelmente e farás sempre parte do que eu sou e do que serei num futuro próximo (ou talvez não seja). ♥

15/01/11

Preciso da minha calma
Para sentir-me em puro transe
Que dará um novo alento á minha alma
Não me fazendo cair na tortura do suspense

Fazem-me falta dois momentos de reflexão
Á luz de duas incandescentes velas
Talvez me tragam a doce ambição
De olhar o mundo duma maneira mais bela

Tenho saudades de dominar o meu tempo
De poder desperdiçar cada segundo
Mesmo sabendo que a vida é um vago momento
Queria poder ter mais tempo para mudar o meu mundo

E hoje ao para parar para uns momentos sem som
Acompanhados da minha eterna companheira, a solidão
Voltei a dar aquilo a que chamam vida um claro tom
Deixando de lado todos os motivos de confusão

Senti-me novamente em sintonia
Não me reduzindo o sentimento
Desta suave e tranquila melodia
Que tantas vezes se calou, para meu tormento

Parei por uns segundos
Que ajudaram o sentido a regressar
Esquecendo-me dos medos mais profundos
Dando-me energia para a cabeça levantar.

11/01/11

Morri hoje
Mas vou renascer amanhã
Vejo a vida num plano que está longe
Mas que relembra aquela vivencia vã

Quando renascer
Poderei parecer confusa
Já saberei como não me perder
Nem me renderei aquela aparência difusa

Renascerei sendo forte
Deixando a fraqueza noutro lugar
Não me deixarei ser vítima da sorte
Porque aprendi a conhecer o azar

O amanhã é meu
Ninguém o conseguirá mudar
Esta parte já muito sofreu
E esta dor custou tanto a afastar

Aeroporto

Gosto tanto de lá estar
Aquela confusão traz-me calma
Dá-me uma enorme vontade de sonhar
E aquecer a minha complexa alma

Quando sinto a ansiedade correr em mim
Enquanto espero pela hora que tarda
Tenho o peito num frenesim
Por saber que alguém noutro ponto me aguarda

Quando me sento naquelas cadeiras de avião
O meu ser ganha uma nova energia
Dou tudo para sentir tão boa sensação
Aquela sensação de pura magia

Sentir a velocidade a aumentar
Enquanto a descolagem se prepara
Faz-me tantas vezes pensar
Que mundo é este que me encara

Quando sinto as rodas tocarem na terra
A felicidade em mim aumenta
Por todo aquele tempo de espera
Se perdeu ao chegar à desejada meta.
Quando eu parar de me levar ao colo
Já sentirei a mudança a crescer
Poderei sentir-me firme neste solo
Aquele que a custo me fez renascer

Sentir-me-ei capaz de erguer a cabeça
De lutar pelo que ainda não lutei
Espero que a amarga dor me esqueça
Por sentir que tantas voltas lhe dei

Vou fazer o que ainda não foi feito
Esperar pelo vento que me faz bem
Senti-lo como se fosse algo perfeito
E lutar por algo que nem sempre vem

Quero aprender a ser eu
A pisar o limite da vida
Aquilo que sempre foi meu
Até ao momento da partida.

Vontade

Quando um dia perder a minha vontade
A hora de me afastar com certeza chegou
Porque a vontade será sempre a minha verdade
Não me importando a quem ela afectou

Cansei-me de ir contra o que sinto
Para agradar aqueles que quero bem
Não dizer que lhes minto
Porque me fazem sentir melhor que ninguém

Por isso decidi impor o que queria
Mesmo que isso entristeça muita gente
Prefiro agir desta maneira tão fria
Do que sentir-me tão mal de repente

A última vontade será sempre minha
Não dependerá de algo novo que chegou
E se não respeitares a vontade que eu tinha
Vais sentir aquela mágoa que por aqui ficou.

09/01/11

Um Novo Rumo

Aprendi que a vida não tem rumo
E se agora decidir virar o mundo ao contrário
Será um risco que eu sem esforço assumo
Vou transformar esta dor no pior adversário

Já chega de choros e revoltas sem sentido
De magoar as pessoas sem razão
Vou provar que o prometido é devido
Passando a agir mais com a emoção

Agora chegou a minha vez
De dar aquele grito que há muito faltava
Não serei mais vítima de estupidez
Ao mostrar aquilo que a escuridão ocultava

Tive de fazer isto pelo bem da minha sobrevivência
A que já a muito não me tinha nenhum valor
Pode ser um claro sinal da inteligência
A esta dor que me fazia guardar tanto rancor

E pronto, esse dia chegou, o dia da mudança
Aquilo que para muitos é uma pura surpresa
É o mais forte sinal que não se esgota a esperança
Sendo aquilo que ainda me faz ter mais certeza.

Daquilo em que me irei transformar
Que será melhor daquilo que sou agora
Sei que a partir de hoje tudo vai mudar
Há muito que ansiava a chegada desta hora.

06/01/11

Passo decisivo

Tomei a decisão mais correcta
Pedi aquilo que há muito me faltava
Não poderia estar tão certa
De por um fim a esta dor que me mutilava

A ajuda que pedi
Não podia vir em melhor hora
Já não suportava saber que me perdi
Mas alegra-me sentir-me bem agora

A tristeza já me causava incómodo
Impedia-me de ser o que sou
Agora vai ser tudo do meu modo
Agora é que vejo quem sempre me apoiou

Sinto-me bem
Só pela decisão que tomei
Só espero com alegria cada dia que vem
Para aprender como durante tanto tempo errei

Obrigado a quem me está a apoiar
Agradeço também a quem me virar as costas
Descansem que já não me verão chorar
E os que ficam comigo serão amigos para todas as horas.

01/01/11

Desejos de 2011

- Fazer a tão desejada tatuagem (já falta pouco para isso)
- Melhorar as notas
- Ir a Paris novamente
- Não ficar doente muitas vezes
- Ver o Sporting campeão (de futsal já que de futebol não é possível)
- Não ter medo do amanhã
- Melhorar este meu mau-feitio
- Procurar ajuda
- Ter todas aquelas coisas que se pedem no inicio de um novo ano
- Viver sem medos
- Ser rebelde, moderadamente




Se realizar metade destas coisas já fico extremamente contente.
Um super ano para todos. =D
Já não escrevo poemas
Agora são só teias de sensações
Cheias de letras e dilemas
Que escondem as minhas ilusões


Perderam a emoção
E reflectem a inocência perdida
Desta aparente decepção
Que é a minha dolorosa vida


Limito-me a juntar letras
Deixando de lado o sentimento
Que foge de mim como as estrelas
Fazendo-me perder todo o alento


Já não escrevo poemas
São meras frases interligadas
Cuja dor é o temas
Das alegrias á muito apagadas


Será que continua a valer a pena?
Escrever para a dor acalmar
Ou será melhor chorar por ser tão pequena
E deixar-me agonizar


As melhores coisas perdem o sentido
Quando perto de mim chegam
Será que por isso sou um ser tão dividido
Pelas dores que em mim se acumulam


Que sentido vou dar á minha existência
Alguém me diz o rumo certo a seguir
Há muito que perdi a persistência
Para existir sem deixar-me desistir.

Além-mar

Além-mar sonhava eu estar
Naquele onde tantos triunfaram
Onde tantos acabaram por ficar
Rendidos á morte que os levaram


Sonhava eu navegar nesse mar
Descobrir mais do que descobrimos
Navegar até perder a luz do luar
E encontrar os tesouros com que todos sonhamos


Ó mar belo e esplendoroso
Quantas vidas a tantos queres tirar
Por seres assim tão impiedoso
E quereres ao teu lugar original voltar


Que os grandes descansem em glória
Porque com coragem esse mar desbravaram
Deixaram o seu legado na nossa História
E esperança naqueles que por cá ficaram


Além-mar onde eu estaria
À conquista de um mundo novo
E pouco importa a marca que deixaria
Desde que fosse na história do meu povo.
Gostava de ser grande
De sentir o chão por debaixo dos meus pés
Viver uma vida de verdade
Sem sentir a mentira chegar desta vez


Gostava de sentir o que é glória
Fazê-la durar por algum tempo
Queria escrever uma página da história
Aquela história sobre o sentimento


Queria ter a mania de ser superior
Não sentir a dor levar-me para o fundo
Sentir-me-ia maior
Maior que qualquer dor do mundo


Viveria de uma maneira diferente
Talvez ai soubesse o que é a felicidade
Não me sentiria tão impotente
E muito menos sentiria saudade


Não serei assim
Nenhum dia da minha vida
Sentirei dor até ao fim
Desta vida que para mim está mais do que vivida.

Fingimento nato

Um poeta não é mais do que um fingidor nato
Porque a dor que sentia deixou de lhe pertencer
Passa a ser do pedaço de papel onde está escrito
E em si começa lentamente a desaparecer
No papel ganha a força de um duro momento
Aquele que eu queria tanto esquecer


Para seres grande tens de aprender a fingir
Aquilo que tanto te tinha feito chorar
Essa dor que queres deixar de sentir
Que nem te ensina como a acalmar
Porque quando sentes o teu mundo a ruir
Nem sabes a maneira correcta de pensar


Por isso passas a tua dor para o papel
Na esperança de aliviar a tua alma
Descreves o quanto essa dor é de fel
Com o intuito de sentires calma
E que essa dor de fel se torne em mel
Para sentires a calda dessa alma que se acalma


Com a escrita tentas encontrar a tua paz
Buscando a maneira mais correcta de fingir
A que atirará o teu passado lá para trás
Finges como sentir e até como agir
Simplesmente para te sentires capaz
De a semelhante dor reagir

Poderia ser isto, mas não sou

Poderia ser uma pessoa feliz
Daquelas que nasceram para nos alegrar
Mas sou estranha como tanta gente diz
Nasci para a tristeza carregar


Poderia não ter sonhos
Nem histórias tristes para contar
Mas não é isso que dizem os meus olhos
Os que querem as memórias apagar


Seria feliz e saberia como o demonstrar
Se calhar nem recorreria á escrita
Aquela que tantas vezes me ajudou a acalmar
E seria feliz por conhecer essa vida


Não sou feliz
Só fui feliz na inocente infância
Onde era uma mera aprendiz
Da arte da tolerância


O tempo transformou-me
Graças a tudo o que a vida me ensinou
E nas mais negras horas segredou-me
Tudo aquilo que me alterou


Poderia saber o que é a felicidade
Aquela que sempre de mim fugiu
Não viveria com o coração impregnado de saudade
E não sentiria o mal que atingiu.

Livro em Branco

A minha vida poderia ser um livro em branco
Daqueles em que ninguém tem coragem de escrever
Seria se um não vivesse em constante pranto
Por ter tanta dor a querer fazer-me desaparecer


Se alguém nesse livro pegasse
E tentasse redigir o que sinto
Saberia que por mais que tentasse
Veria que com o sentimento não lhe minto


O livro que carrego em mim
Há muito que deixou de ser puro
Porque aquela inocência que perdi
Me levou a um local estranhamente escuro


Carreguei-o dos mais negros sentimentos
E das tristezas duma existência sem sentido
Em que a alegria surge em esporádicos momentos
Que tentam apagar as memórias do que foi vivido


Preferia um livro em branco do que o meu livro negro
Ao menos saberia por onde começar
Aquela mudança de que se foge com tanto medo
Por não saber prever a sua maneira de terminar

Se eu fosse…

Se eu fosse algo ou alguém seria tudo o que não sou até agora porque não sou metade do que gostaria de ser nem um quarto do que poderia ser, mas sonhar é algo comum a todos os seres, e é desses sonhos que quero falar.
Se eu fosse uma cidade seria Paris, umas das cidades mais belas que conheço a seguir a Lisboa E seria o que em Paris? Seria o frio agressivo do Inverno que gela até o mais quente dos corpos, seria o calor infernal do Verão que muitas vezes não deixa respirar, seria a luz que a cidade emana e que eu gostaria de ter mas que por medo ou estupidez fujo dela. Se fosse um animal seria um gato, daqueles que não dão confiança a ninguém, que precisam de festinhas e mimos, que arranham e mordem à mínima coisa e que com um simples e encantador olhar conseguem qualquer coisa dos humanos e afectuosos seres. E ainda se eu fosse um instrumento seria uma guitarra, mas uma daquelas verdadeiramente boas, não as que se compram por meia dúzia de euros, porque estas têm magia (não que as outras não tenham, mas estas são especiais), aquela magia que todo o ser busca quando se perde nesta imensa confusão que é a vida.
Para concluir, queria dizer que se fosse alguma coisa seria simplesmente eu, sem medos nem tristezas e com mais sonhos daqueles que já carrego e que por mais força que façam e por mais cabeçadas que dê, nunca desistirei deles e lutarei ou melhor tentarei lutar para fazer deles a minha realidade.